terça-feira, 13 de setembro de 2016

Cassado, Cunha se diz vítima de vingança política


Ex-presidente da Casa foi acusado de mentir à CPI sobre contas no exterior.
Ele disse que pretende escrever um livro com bastidores do impeachment.
Fernanda Calgaro, Renan Ramalho e Gustavo Garcia - Do G1, em Brasília
Após ter o mandato de deputado cassado pelo plenário da Câmara na noite desta segunda-feira (12), Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou a jornalistas que foi vítima de uma “vingança política”.

O plenário da Câmara cassou o mandato de Cunha por 450 votos a favor, 10 contra e 9 abstenções. Eram necessários 257 votos para a cassação, que foi motivada por quebra do decoro parlamentar. O deputado foi acusado de mentir à CPI da Petrobras ao negar, durante depoimento em março de 2015, ser titular de contas no exterior.
“Eu cometi muitos erros. Eu sou ser humano e já admiti, quando escrevi para os parlamentares, que cometi muitos erros. Eu errei, errei muitas vezes, mas não foram os meus erros que me levaram à cassação. O que está levando à minha cassação é a política. Então, eu fui vítima de uma vingança política perpetrada no meio do processo eleitoral”, disse Cunha, que declarou que irá buscar "recursos judiciais" contra a decisão da Câmara.
O deputado cassado afirmou que pretende escrever um livro, mas que ainda vai procurar uma editora. Cunha quer relatar os bastidores do processo de impeachment de Dilma Rousseff, cuja tramitação foi autorizada por ele na Câmara, quando presidia a Casa.
"Eu vou contar, obviamente, tudo o que aconteceu no impeachment, diálogos com todos os personagens que participaram de diálogos comigo em relação ao impeachment. Esses serão tornados públicos na sua integralidade", disse. Indagado se havia gravado essas conversas, Cunha respondeu: "Tenho boa memória".

'Jogo político'
"Isso que foi colocado foi um jogo político. Na verdade, há uma pauta em que o presidente da Casa, apoiado pelo governo, se associou ao PT e [o objetivo] era me cassar. E ele conseguiu entregar a mercadoria", disse. Ele afirmou que o governo "aderiu à agenda" da cassação dele quando, segundo Cunha, patrocinou a candidatura do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), "em acordo com o PT".
"Eu disse que o governo é culpado quando fez o patrocínio... Porque quem elegeu o presidente da Casa foi o governo, quem derrotou o candidato Rogério Rosso foi o governo", disse. Cunha também se disse vítima do que chamou de "um ano inteiro de campanha" que, segundo o deputado cassado, a TV Globo fez contra ele.

"Estamos vivendo um processo político em que eu, por ter dado curso ao processo de impeachment, virei o troféu para poder fomentar o discurso do golpe. Então, é óbvio que, quando se programou um processo desse às vésperas da eleição, misturou tudo e só poderia dar no que deu", disse.
"Efetivamente, na verdade, é um somatório de situações: a eleição do presidente da Casa em acordo com os partidos que eram do governo da ex-presidente, o acordo de pôr a minha votação, ironicamente, somente para depois a votação do impeachment, deixando [a votação] numa semana solta, a duas semanas da eleição (municipal)", completou.

Questionado sobre se acredita que será preso, ele disse não achar "nada". "Eu não acho nada. A instrução dos meus processos já estão na fase de denúncia. A denúncia já foi apresentada", afirmou.

Ele também foi perguntado se acreditava que o governo deveria ter medo dele. "Eu não sou pessoa de fazer qualquer tipo de ameaça, velada ou não velada", respondeu. Sobre a possibilidade de fazer uma delação premiada, o peemedebista disse que "só faz delação quem é criminoso", o que, segundo ele, não é o seu caso.
Punição
Com a decisão do plenário desta segunda-feira, Cunha, atualmente com 57 anos, fica inelegível por oito anos a partir do fim do mandato. Com isso, está proibido de disputar eleições até 2026. Assim, ele só poderá se candidatar novamente aos 67 anos.
Além disso, perderá o chamado "foro privilegiado", isto é, o direito de ser processado e julgado somente no Supremo Tribunal Federal (STF). Com isso, os inquéritos e ações a que responde na Operação Lava Jato deverão ser enviados para a primeira instância da Justiça Federal.
Caberá ao próprio STF definir se esses inquéritos e ações serão enviados para o juiz Sérgio Moro, que conduz a Lava Jato no Paraná, ou para outro estado onde possam ter ocorrido os supostos crimes imputados ao agora ex-deputado.

Perguntado se temia a possibilidade de ser julgado por Sérgio Moro, juiz federal responsável pela Lava Jato na primeira instância, Cunha ressaltou ser inocente. "Eu não tenho que temer ninguém. Eu só temo a Deus, eu tenho temor a Deus. E eu vou me defender como eu venho me defendendo. Eu não tenho preocupação com isso. Eu tenho defesa, eu sou inocente. Como inocente, eu vou me defender", disse.

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