Por Magno Martins
Nas primeiras entrevistas que ouvi do candidato do PT a prefeito do
Recife, João Paulo, foram no sentido de desqualificar a gestão do
prefeito Geraldo Júlio (PSB), que disputa com ele o segundo turno, como
se tudo de bom que ocorreu na capital nos últimos anos tenha sido obra
do PT e dele. Parece que o petista continua mal assessorado. Neste
debate de confronto de gestões, João levou, sem dúvida, uma tremenda
desvantagem.
Tanto que despencou nas pesquisas e chegou desidratado às urnas,
saindo de 36%, no primeiro levantamento de intenção de voto do Ibope,
para 24% dos votos válidos. João, aliás, só não levou uma surra no
primeiro turno porque a candidata do DEM, Priscila Krause, que aparecia
com 2% em todas as pesquisas, obteve 4,2% dos votos, isso sem falar no
candidato do PV, Carlos Augusto, que teve 0,6% dos votos, percentual que
faltou a Geraldo para liquidar a fatura no primeiro turno.
João está mais perdido do que cego em tiroteio para encontrar um
discurso convincente. Na propaganda eleitoral, Geraldo venceu a batalha
da comunicação em gestão pública quando mostrou que, em apenas quatro
anos, conseguiu fazer mais obras e atrair mais investimentos para o
Recife do que o PT em 12 anos. Neste sentido, uma criativa inserção na
TV recorrendo ao uso de bonecos mamulengos caiu na graça da população,
massificando a ideia de que o PSB fez mais do que o PT.
Se o petista recorrer ao discurso da ética, também não terá
encontrado o melhor caminho. Basta fazer a leitura do resultado das
urnas do pleito de domingo passado, onde o PT foi praticamente varrido
das capitais, elegendo apenas o prefeito de Rio Branco, capital do Acre,
sem a menor importância na geografia política do País por ser um
minúsculo colégio eleitoral, na mesma proporção de Caruaru, no Agreste
pernambucano. Tudo por causa dos escândalos que arrasaram a imagem do
partido e de suas principais lideranças.
Para avançar e se transformar num candidato competitivo João Paulo
tem, também, que associar seu discurso à política de ampliação do seu
palanque. Até o momento, só quem está levando vantagem neste território é
Geraldo, que agregou, de supetão, o apoio do PSDB e do DEM, partidos
que disputaram o primeiro turno com candidatos próprios. Nas eleições de
segundo turno existe uma regra bem básica: ganha quem soma mais. A não
ser que o petista contrarie este princípio histórico e elementar.
sexta-feira, 7 de outubro de 2016
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