domingo, 9 de outubro de 2016

Soltos, alvos da Lava Jato contatam colegas de cadeia


Alexandre Romano, que levou um padre para rezar missa com os ex-colegas de prisão
Folha de S.Paulo - Bela Megale
Há cerca de dois meses, quando foi prestar um depoimento na sede da PF em Curitiba, o ex-vereador Alexandre Romano, conhecido como Chambinho, levou consigo um padre mexicano. Em prisão domiciliar há um ano, desde que fez delação premiada, Romano queria que o sacerdote rezasse uma missa para os antigos companheiros com quem dividiu cela por dois meses. Inicialmente a Polícia Federal se opôs, mas, depois de ver a autorização judicial, aprovou a celebração. Romano comungou e rezou ao lado do doleiro Alberto Youssef, do empreiteiro Marcelo Odebrecht e de outros presos da Lava Jato.
A atitude do ex-vereador não é incomum para quem esteve no cárcere da operação. O clima de solidariedade se tornou marca do local, já que boa parte dos presos é empresário ou político e, até a deflagração da operação, a prisão era algo inimaginável.
Há duas semanas, a doleira Nelma Kodama, em prisão domiciliar desde junho, voltou à sede da PF para dar um depoimento. Lá, foi recebida pelo agente penitenciário que ela socorreu de um ataque cardíaco quando estava presa. O ato lhe rendeu seis meses a menos atrás das grades. Depois de abraçá-lo e fazer selfie, ela pediu para ver os amigos que fez na carceragem, entre eles o ex-deputado federal Pedro Corrêa.
Quando estava detida, Nelma costumava acordar o político às 7h30 para que ele tomasse remédio para a tireoide. Ela também o ajudava a separar os medicamentos que usa diariamente, e, vez ou outra, comia um pedaço de bolo escondido com o ex-parlamentar diabético. Os policiais, porém, vetaram o pedido da doleira para rever o amigo, argumentando que ela não pode se comunicar com quem segue preso.
Já o sócio da empreiteira Engevix José Antunes Sobrinho, que ficou cerca de cinco meses detido, conseguiu visitar o ex-deputado, de quem ficou amigo e compartilhava leituras. Levou queijos e frutas para Corrêa e jogou conversa fora durante a meia hora que estiveram juntos.
Antunes é apontado, inclusive pelos agentes policiais, como um dos mais generosos que já passaram pela carceragem. Segundo relatos, chegou a pagar parte da fiança de R$ 5.000 de um companheiro de cela que não integrava o círculo de abastados da Lava Jato.
O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró também fez sua boa ação e deixou uma lembrança para o lobista Zwi Skornicki, com quem dividiu cela. O aparelho de TV do ex-funcionário da estatal ficou como "herança" para Skornicki, que saiu um mês depois da carceragem.
Condenados da Lava Jato que passaram por Curitiba relataram, em condição de anonimato, que o ambiente da prisão é solidário, principalmente com os novatos. Quando foi detido, em fevereiro, o próprio Skornicki ficou cinco dias em choque, parado com o olhar fixo, sem comer e sem se comunicar.
Nelma Kodama foi até a cela do operador e disse: "Pode sair que eu vou limpar esse lugar". E assim o fez por dias até que ele começasse a se acostumar com a prisão.
A limpeza foi outro fator que a aproximou de Marcelo Odebrecht. Ambos têm mania de organização. Ela ainda passou a cuidar da dieta especial do executivo, que é hipoglicêmico

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