sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Deputada que votou contra cassação de Cunha vira procuradora da Câmara

Do G1, em Brasília

Integrante do grupo de dez parlamentares que votaram contra a cassação do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a deputada Jozi Araújo (PTN-AP) assumiu, há cerca de duas semanas, o cargo de procuradora parlamentar da Câmara.

Na função, Jozi Araújo, em seu primeiro mandato, será responsável por promover a defesa da Câmara e de deputados que entenderem que tiveram a honra ou imagem atingidas em razão do exercício do mandato.

Entre as atribuições da Procuradoria Parlamentar da Câmara também está pedir, via Ministério Público ou Advocacia-Geral da União, reparação por parte de "órgão de comunicação ou de imprensa que veicular matéria ofensiva à Casa ou a seus membros".

Ao G1, Jozi Araújo, ao falar sobre a relação política com Eduardo Cunha, disse que participou da campanha eleitoral dele à presidência da Câmara, em 2015, e em "algumas ações" ao lado do peemedebista, mas sem entrar em detalhes.

"Na verdade, eu participei da campanha do Eduardo Cunha [à presidência da Câmara] e, em algumas ações, eu estive muito próxima dele", afirmou.

Questionada, então, sobre se poderia ser considerada uma aliada de Cunha, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, Jozi Araújo limitou-se a responder: "Participei do processo de campanha eleitoral assim como 370 parlamentares participaram".

A nova procuradora da Câmara está no PTN desde fevereiro deste ano, quando deixou o PTB. Ainda como filiada à legenda, chegou a integrar o Conselho de Ética da Câmara por indicação do líder do partido, Jovair Arantes (GO), um dos principais articulares da tropa de choque de Eduardo Cunha que atuava na Câmara.

Jozi Araújo destaca que não chegou a participar de votações no Conselho de Ética e que passou logo a ser suplente. Nos bastidores, porém, a atuação dela era alinhada com a defesa de Cunha.
"Ela só não apresentava as questões de ordem como o [deputado Carlos] Marun [um dos mais fiéis a Cunha], mas ela era aliadíssima de primeira hora do Cunha", afirma um dos parlamentares mais influentes no colegiado, sob a condição de anonimato.

Já no PTN, a deputada foi indicada para compor a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na época em que se discutia uma consulta feita por aliados de Cunha sobre os procedimentos de votação de processos disciplinares no plenário, o que poderia abrir uma brecha para fixar uma punição mais branda ao peemedebista.

Ao comentar o voto contra a cassação de Cunha, Jozi disse não concordar em retirar o mandato de alguém sem uma condenação definitiva pela Justiça e destacou que, pelo mesmo motivo, votou contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

"Na verdade, eu tenho um posicionamento não só sobre Eduardo Cunha, mas em relação à ex-presidente Dilma Rousseff, porque sou contra totalmente à cassação política antes do trânsito em julgado [na Justiça]. No caso dos dois, eu não enxerguei, em hipótese alguma, uma situação jurídica nesse sentido", afirmou a deputada.

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