sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Crise agora é entre poderes

   A emenda ao pacote de medidas contra a corrupção prevendo punição aos juízes e membros do Ministério Público por abuso de autoridade, aprovada pela Câmara dos Deputados, gerou uma crise de poderes entre o Legislativo e o Judiciário.  A mudança foi feita logo após a aprovação do texto-base do projeto e acabou aprovada por 313 votos favoráveis e 132 contrários.
A proposta da discórdia foi apresentada pela bancada do PDT e lista as situações em que juízes e promotores poderão ser processados por abuso de autoridade, com pena de seis meses a dois anos de reclusão. A legislação atual já prevê o crime de abuso de autoridade, mas é mais genérica.
Entre as condutas que passariam a ser crime estaria a apresentação pelo MP de ação de improbidade administrativa contra agente público "de maneira temerária". Nesse caso, além de prisão, os promotores também estariam sujeitos a indenizar o denunciado por danos materiais e morais ou à imagem que tiver provocado.
A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, não gostou. Divulgou uma nota em que lamenta a aprovação, pela Câmara dos Deputados, do crime de abuso de autoridade para juízes e procuradores. "A presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, ministra Cármen Lúcia, reafirma seu integral respeito ao princípio da separação dos poderes”, diz a nota.
E acrescenta: ”Mas não pode deixar de lamentar que, em oportunidade de avanço legislativo para a defesa da ética pública, inclua-se, em proposta legislativa de iniciativa popular, texto que pode contrariar a independência do Poder Judiciário". Cármen Lúcia destacou que o estatuto constitucional da magistratura já prevê a responsabilização de juízes por seus atos e que a democracia depende de poderes fortes e independentes.
Ela afirmou que o Judiciário "vem cumprindo seu papel" constitucional como guardião da Constituição e da democracia. "Já se cassaram magistrados em tempos mais tristes. Pode-se tentar calar o juiz, mas nunca se conseguiu, nem se conseguirá calar a Justiça", destacou a ministra.

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