terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Sem levar saudades

Se o otimismo e a euforia tomam conta de alguns setores do Brasil urbano, o mesmo não acontece no campo. O balanço da Comissão Pastoral da Terra - Regional NE 2 da reforma agrária nos estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte é duro e diz que "os trabalhadores se despedem de 2009 sem levar saudades". Pela análise da CPT, ligada à CNBB, 2009 foi mais um ano em que o governo reafirmou o abandono total da pauta da reforma agrária, com uma permanente paralisação do Incra, com falta de recursos e de uma prioridade efetiva para essa política pública, o que inviabilizou de vez quaisquer medidas que beneficiassem o campo. Reproduzindo o mau exemplo do governo federal, diz a CPT, os governos estaduais e a Justiça intensificaram a postura de conivência com o agronegócio e com o latifúndio, desenvolvendo atos e omissões que os fortaleceram ainda mais. O documento é extenso e detalha também a escalada da violência contra o trabalhador e o aumento drástico de famílias despejadas em ocupações de terra.Bem, faz tempo que a reforma agrária deixou de ser prioridade do governo, assim como faz tempo que a sociedade, de uma maneira geral, também deixou de se sensibilizar com a questão, desde que o Movimento dos Sem Terra também recorreu à violência para forçar a desapropriação de terras. Hoje, o MST provoca mais rejeição do que solidariedade, e a sociedade pasou a condenar a virulência das invasões, deixando em segundo plano a penúria de quem precisa de um pedaço de terra para sobreviver. Mas nisso tudo não deixa de ser surpreendente que entidades ligadas à defesa da reforma agrária se queixem com tanta ênfase de um governo, cujo presidente - Lula - chegou a estarrecer o país ao colocar, durante uma solenidade no Palácio do Planalto, ainda no primeiro mandato, um boné do MST, num gesto que foi interpretado como incentivo às invasões. A esse gesto, no entanto, não se seguiu nada. Nem a reforma agrária avançou, nem o governo atuou para impedir as invasões. E o resultado é que Lula vai chegando ao fim de oito anos de poder, mas sem ter do que se orgulhar no quesito reforma agrária. Pelo menos neste campo, Lula não ultrapassou o governo FHC.

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