sexta-feira, 28 de abril de 2017

Faltou defesa para Cadoca


    Se vivo fosse, o ex-presidente do PDT, Leonel Brizola, jamais teria agido de forma tão ditatorial, covarde e tacanha quanto o atual dirigente da executiva nacional, Carlos Lupi, em relação à expulsão sumária do deputado pernambucano Carlos Eduardo Cadoca dos quadros da legenda, só porque contrariou decisão partidária votando a favor da reforma trabalhista.
Lupi sequer deu um telefonema para Cadoca. Preferiu ligar para o presidente estadual da legenda, Wolney Queiroz, mas já com a decisão tomada, apenas para informar que estava desligando o parlamentar da agremiação partidária. Nem a Wolney, porém, transmitiu com clareza qual procedimento tomaria. Imediatamente Wolney deixou Cadoca informado, mas pensado que seria aberto um processo de expulsão pelas vias naturais, dando direito à defesa.
Mas o seu ato foi ad referendum, ou seja, sem direito de defesa. Isso é coisa de ditador, de quem acha que presidir um partido é adotar o chicote como instrumento para açoitar subordinados e não o diálogo como arma democrática e necessária. Na votação da reforma trabalhista, todos os partidos se depararam com posições semelhantes à de Cadoca, e não se conheceu, ontem, com exceção do PSB, que destituiu quatro dirigentes estaduais, mas não os expulsou, ato tão extremo.
O estranho disso tudo é que, lá atrás, Lupi não agiu da mesma forma quando os deputados Geovani Cherini (RS), Sérgio Vidigal (ES), Flávia Moraes (GO), Mário Heringer (MG), Subtenente Gonzaga (MG) e Hissa Abrão se insurgiram contra o partido votando a favor do impeachment da então presidente Dilma. Ao contrário de Cadoca, tiveram direito a defesa seguindo as instâncias partidárias convencionais. No final, apenas Geovani foi expulso. Os demais foram punidos, com 40 dias de suspensão do mandato representando a legenda.
Dois pesos, duas medidas. Cadoca, na verdade, errou, embora seus argumentos sejam convincentes em cima da tese de que o País não pode prescindir das reformas. Qualquer politico filiado a um partido, entretanto, pode pensar e agir diferente, exercitando o contraditório. Só não no PDT enquanto o ditador Lupi estiver com o chicote na mão. Por Magno Martins

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