Do blog de Noblat
Nem
que a vaca tussa, Dilma Rousseff responderá à pergunta que Aécio Neves
lhe fez duas vezes, ontem à noite, durante o debate entre os candidatos a
presidente promovido pela Rede Globo de Televisão.
A pergunta: “O que a senhora tem a dizer sobre os mensaleiros do PT condenados pela Justiça e que estão presos?”
Dilma
nada tem a dizer. Não teve no debate da Globo e tampouco nos demais
debates do primeiro ou do segundo turno. Como é possível que uma
presidente da República nada tenha a dizer sobre um assunto desses?
Como
se viu, entre nós, é possível sim. Não responder a perguntas incômodas é
considerado por um povo que se acha esperto uma prova de grande
esperteza – de fraqueza ou medo, jamais.
O
debate foi dividido em quatro blocos. Em dois, candidato perguntou a
candidato. Nos outros dois, eleitores indecisos perguntaram aos
candidatos. O primeiro bloco, onde os candidatos se confrontaram,
terminou empatado.
Aécio
ganhou com folga os três blocos seguintes. Respondeu às perguntas com
tranquilidade. Protagonizou os momentos marcantes do debate. Deixou
Dilma atrapalhada várias vezes. E se saiu melhor ao ser interrogado
pelos eleitores indecisos.
Cometeu
uma frase matadora, destinada à passar à história dos debates. Foi
quando uma eleitora perguntou o que poderia ser feito para acabar com a
corrupção. Aécio disse: “Existe uma medida para acabar com a corrupção:
tirar o PT do governo!”
O
melhor do debate: as perguntas dos eleitores indecisos, que expuseram a
dura realidade da vida das pessoas de carne e osso. Nada a ver com as
pessoas que desfilaram na propaganda eleitoral de Dilma.
Um
garoto contou que perdera um primo assassinado pelo tráfico de drogas. A
professora, a trágica história do aluno que abandonou a escola para se
tornar um dos chefes do tráfico. O florista cobrou uma solução para o
problema das moradias. Afinal, o aluguel triplicou em quatro anos.
O
mico da noite foi para... Dilma, naturalmente. Uma economista do Ceará,
de 55 anos de idade, disse que não consegue mais emprego. Resposta de
Dilma: faça o Pronatec, um curso de qualificação. Puxa, a mulher já é
qualificada. Precisa de emprego, não de curso técnico.
A
vitória de Aécio em mais um debate, dificilmente, será capaz de
imprimir um novo rumo à eleição. A tendência é que os eleitores de Dilma
achem que ela venceu o debate. Os eleitores de Aécio acharão que o
vencedor foi ele. É assim que costuma acontecer.
De
resto, algo como 84% dos eleitores de Dilma e dos eleitores de Aécio
diz que não há hipótese de mudar seu voto. Um por cento dos eleitores de
cada um diz que é alta a probabilidade de mudar. Para 4% de cada,
existe alguma possibilidade de mudar. E 11% não respondem ou não sabem.
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