A primeira médica cubana a debandar do programa Mais Médicos, do
governo federal, pediu ajuda aos Democratas para conseguir asilo e morar
no Brasil. A fim de ajuda-la, o partido vai protocolar ainda hoje (5),
no Ministério da Justiça, o pedido de asilo político para a médica
cubana Ramona Matos Rodriguez, abrigada desde ontem na liderança do
partido na Câmara.
Ramona fugiu sábado do município de Pacajá, no Pará, por discordar
das condições de trabalho do programa Mais Médicos em que atuava desde o
final de 2013. O Diário do Poder/ Coluna Cláudio Humberto já havia
adiantado o sistema ditatorial em que os médicos vivem. Apesar de o
governo pagar R$ 10 mil por médicos, eles têm acesso apenas a R$ 1,2 mil
de salário.
O líder da bancada, deputado Mendonça Filho (PE) também terá
audiência às 12h30 com o ministro José Eduardo Cardozo para relatar a
situação da médica, que teme por sua segurança. Além disso, informou o
deputado Ronaldo Caiado, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB) foi notificado do fato para que a entidade apoie o pedido de asilo
político. Às 15h, o presidente da Comissão de Relações Internacionais
da OAB, Marcelo Galvão, virá a liderança do Democratas conhecer os
detalhes da situação da médica.
“Vamos conversar com o ministro sobre nossa preocupação em relação a
tudo que nos foi relatado pela Dra. Ramona. A polícia brasileira não tem
o direito de ir atrás de nenhum estrangeiro que esteja legalmente no
País. Precisamos garantir o direito de ir e vir”, destacou o líder da
bancada, Mendonça Filho.
“É inaceitável que um país signatário de um tratado internacional de
direitos humanos seja conivente com este contrato firmado com uma S.A.
pagando um valor diferente do anunciado pelo governo brasileiro.
Enquanto o povo brasileiro paga cerca de US$ 4,5 mil para cada médico do
programa, os cubanos recebem menos de 10% desse valor. Isso é um
tratamento discriminatório em relação ao outros médicos do Mais Médicos.
É um escândalo e nos faz questionar qual é realmente o objetivo desse
programa”, disse Ronaldo Caiado. “Esperamos que o Ministério da Justiça
seja tão célere na resposta do pedido de asilo político como foi com o
caso do Cesare Battisti”, reforçou.
“Penso que com a ajuda de todos, dos deputados, da escola de medicina
do Brasil, do povo do Brasil vou conseguir o asilo político. Pedi
proteção aos deputados porque temo por minha vida. Estou certa que neste
momento se volto para Cuba serei presa. Fui enganada pelo governo
cubano. Fizeram um contrato e me dei conta apenas aqui que o valor era
diferente do que médicos venezuelanos, bolivianos e outros recebiam R$
10 mil por mês”, contou Ramona Rodriguez.
O partido ainda comunicará o Ministério Público do trabalho sobre o
tratamento discriminatório sofrido pelos médicos cubanos que participam
do Mais Médicos. “Queremos garantir que os cubanos recebam valor
integral de R$ 10 mil reais pagos aos outros médicos do programa sejam
brasileiros, argentinos ou qualquer nacionalidade”, acrescentou Caiado.
Pelo contrato com a Sociedade Mercantil Cubana Comercializadora de
Serviços Médicos Cubanos S.A., Ramona recebia US$ 400 dólares mensais e
outros US$ 600 eram depositados em uma conta em Cuba, em que a cubana só
teria acesso após os três anos de trabalho no Brasil. O contrato, ao
contrário do que foi divulgado pelo governo brasileiro, não foi firmado e
nem menciona da Organização Panamericana da Saúde (OPAS).
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