Em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, o ex-ministro dos governos Lula e Dilma (PT) Aldo Rebelo (Solidariedade) afirmou que o discurso do presidente Jair Bolsonaro (PSL) sobre a Amazônia na Organização das Nações Unidas (ONU) foi acertado. Segundo o militante histórico do PCdoB, a fala do presidente sob “uma perspectiva que não é a das ONGs, que tratam a floresta como um santuário desantropizado” foi um ponto positivo do discurso.
Rebelo ressaltou, contudo, que Bolsonaro assumiu uma “posição muito defensiva no caso da Amazônia” e poderia ter recorrido aos clássicos sobre a região para “ser mais explicativo”. Essa foi a unica ressalva do ex-ministro sobre o tema.
“Sim (se via ponto positivo no discurso de Bolsonaro na ONU). A abordagem da questão da Amazônia a partir de uma perspectiva que não é a das ONGs, que tratam a floresta como um santuário desantropizado. Ou seja, para essas pessoas, parece que não mora ninguém na Amazônia. E lá vive a população mais abandonada no Brasil, que são os índios e ribeirinhos, com a mais alta taxa de mortalidade e analfabetismo. Eu vi municípios sem médicos e que dependem da única instituição que esta lá presente: as Forças Armadas. O presidente abordou corretamente essa outra Amazônia praticamente desconhecida. Mas Bolsonaro assumiu uma posição muito defensiva no caso da Amazônia. Podia ser mais explicativa. Basta recorrer aos grandes intelectuais que abordaram a questão da Amazônia. Os ensaios do Euclydes da Cunha, o Josué de Castro com o livro Geografia da Fome e outros”, disse Aldo Rebelo.
Questionado sobre pontos negativos no discurso do presidente pelo jornal, o ex-ministro disse que Bolsonaro se mete em questões da Venezuela, Cuba e Argentina ao mesmo tempo em que fala sobre “soberania” em relação à Amazônia.
“Como alguém chega na ONU e faz um discurso de defesa da soberania do seu País, mas interfere na soberania dos outros? Bolsonaro acha que ninguém pode se meter na Amazônia, mas pode se meter na Venezuela, Cuba e Argentina. É completamente incoerente. Absolutamente fora das tradições do Itamaraty, que é uma instituição que adquiriu respeito por mediar e resolver conflitos. Hoje, temos um Itamaraty especializado em criar conflitos. Onde não existe um conflito, o Itamaraty vai lá e cria. Até conflitos internos”, afirmou.
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