quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Quem é o líder do governo que se tornou alvo da PF?


Por Matheus Pichonelli – Yahoo Notícias
Quando foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para ocupar o posto de líder do governo no Senado, em fevereiro deste ano, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) já era alvo de três inquéritos na Justiça. Um deles no bojo da Lava Jato e outros dois, como desdobramentos da operação.
A aproximação foi comandada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). A Bezerra Coelho caberia a função de articular com as bancadas aliadas de um governo sem base aliada formal a votação de projetos de interesse do Palácio do Planalto. Não era tarefa simples.
O anúncio foi feito pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e representava uma espécie de duplo twist carpado, aquela pirueta que o leva o ginasta a girar em torno de si e cair no mesmo lugar, na carreira do senador pernambucano.
Natural de Petrolina, maior cidade do sertão pernambucano, Fernando Bezerra de Souza Coelho tem 62 anos e é formado em Administração. Começou a carreira política aos 25 anos, quando foi eleito deputado estadual em Pernambuco e deu sequência a uma tradição familiar iniciada em meados do século passado.
A família Coelho é uma das mais longevas oligarquias do Nordeste. Paulo de Souza Coelho, pai do senador, dá nome ao estádio municipal de Petrolina. Seu avô era Clementino Coelho, o Coronel Quelê do livro “Adversidade e Bonança”, de José Américo de Lima – e também da tese de doutorado “As práticas do coronelismo: estudo de caso sobre o domínio político dos Coelho em Petrolina”, de José Morais de Souza, da Universidade Federal de Pernambuco.
Uma reportagem de 2012 feita pelo Estadão mostrou que a família administrava a cidade de 300 mil habitantes por quase 50 anos ininterruptos
Segundo a reportagem, o primeiro a entrar na política foi Nilo Coelho, tio do senador e ex-governador biônico de Pernambuco durante o regime militar, da qual foi notório apoiador. Outros tios de Fernando Bezerra também seguiram a carreira política.
O líder do governo Bolsonaro no Senado, no entanto não se dava com o lado da família que migrou para o PFL, hoje DEM, após a ditadura. Foi quando começou a flertar com a esquerda e a se aproximar de Miguel Arraes, que se elegeria governador de Pernambuco. Arraes é avô de Eduardo Campos, morto em 2014 em um acidente aéreo.
Quatro anos após deputar na política, Fernando Bezerra Coelho foi eleito deputado federal. Foi também prefeito de Petrolina três vezes. Entre idas e vindos no PMDB, hoje MDB, ele foi filiado ao PPS pelo PSB, o mesmo partido de Eduardo Campos, de quem foi secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco e presidente do Complexo Industrial Portuário de Suape.
Foi graças a essa aproximação que ele se tornou, em 2011, ao Ministério da Integração Nacional de Dilma Rousseff, sendo responsável, entre outros projetos, pela Transposição do Rio São Francisco. Na época, ele chegou a ser acusado de burlar decreto antinepotismo ao manter um irmão como presidente da Codevasf, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba, por quase um ano.
Ele permanecendo no cargo até 2013 e, no ano seguinte, foi eleito senador por Pernambuco pelo PSB.
Em 2016, virou a casaca e votou pelo impeachment de sua ex-chefe. Em seu discurso, disse que “o governo se isolou, abandonou o caminho da concórdia, preferiu o caminho do enfrentamento e perdeu o apoio que precisava”. Ele via no impeachment uma “esperança” para fortalecer as instituições, ajudar a superar a crise e recuperar as condições de crescimento econômico e justiça social.
Após a queda, Bezerra Coelho seguiu como líder do governo no Senado, no lugar de Romero Jucá.
Na época, o líder do governo chegou a protestar contra a posição de seu partido, o PSB, contra as reformas trabalhistas e da Previdência do governo de Michel Temer, de quem foi aliado de primeira hora. Migrou, assim, para o MDB.
Ao fim das eleições de 2018, construiu pontes até o governo Bolsonaro. Era o encontro perfeito, e quase nunca lembrado, da dita “nova política” com o mais puro caldo da oligarquia brasileira.
Como líder do governo no Senado, Bezerra Coelho foi defensor de primeira hora da indicação do filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a embaixada brasileira em Washington, nos EUA. A indicação ainda será apreciada no Senado.
Em maio, o líder fez elogios ao ministro da Justiça, Sergio Moro, símbolo da Lava Jato, a quem chamou de “figura central desse governo”. “Ele é o representante de compromissos importantes do presidente da República, é uma figura importante para uma pauta importante”, disse.
Hoje, ele se tornou alvo de mandados de busca e apreensão em uma operação da Polícia Federal que investiga supostas irregularidades nas obras da transposição do Rio São Francisco quando era ministro. Autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, ação mirou também seu filho e sucessor do clã político Fernando Bezerra Filho, eleito deputado federal pelo DEM de Pernambuco.
Ele nega as suspeitas. Em nota, seu advogado, André Callegari, afirmou que as medidas se referem a “fatos pretéritos” e atribuiu a ação à “atuação política e combativa do senador”.

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