Por Mendonça Filho, em artigo enviado ao blog
Todo recifense sabe que temos um gosto e um orgulho especial por nossos superlativos. Mas ultimamente temos cada vez menos razões para brincar.
O que chama atenção não é mais o fato de termos a maior avenida em linha reta, ou o maior shopping, e nem mesmo o maior bloco de carnaval do mundo. O que realmente chama a atenção é que Recife se tornou a capital dos impostos. Se duvida, pode verificar o valor do seu IPTU.
Cada residência no Recife paga em média R$ 800 em impostos. É um aumento de quase 90% em relação a 8 anos atrás. Mesmo levando em conta a inflação no período, o aumento do IPTU chega a 50%. Contando todos os impostos municipais (IPTU, ITBI, ISS), a arrecadação da prefeitura é mais de R$ 805 milhões. São valores que deveriam ser muito melhor investidos porque hoje a sociedade não tem retorno em termos de serviços. A prefeitura deixou de servir à população como um todo.
Somos a capital que mais paga impostos no Nordeste do Brasil. E não sabemos dizer para onde vão esses recursos porque os serviços públicos claramente não melhoraram no mesmo ritmo que os aumentos de impostos, taxas e multas.
Gestão pública é um tema que levo muito a sério. É algo que afeta nosso presente e também o nosso futuro e o futuro das nossas filhas e filhos. A gestão atual, no poder há quase 20 anos, não tem ideias e não sabe o que fazer para ajudar nossa cidade a se desenvolver. O que há de realmente novo e inovador no Recife, além das inúmeras câmeras que servem para alimentar a indústria da multa? Nada.
A prefeitura do Recife está presa a uma lógica circular de aumento de impostos. Criou-se uma verdadeira máquina que funciona mal, serve apenas aos interesses de um pequeno grupo de pessoas e que é mantida através de impostos que nós pagamos. Os impostos aumentam, a máquina aumenta e novamente aumentam os impostos. E assim sucessivamente. Passou da hora de mudarmos essa realidade.
O Recife precisa voltar a ser conhecido por fatos positivos. Precisamos deixar de ser a capital do desemprego para ser a capital do empreendedorismo. Deixar de ser a capital do imposto para ser a capital do trabalho. E precisamos deixar de ser a capital do atraso para ser a capital da inovação.
Mendonça Filho é ex-ministro da Educação
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