Do momento “mágico”, como classifica a onda de esperança do povo que o transformou em primeiro colocado no pleito de 1989, o então presidente Fernando Collor de Mello viu sua trajetória ser atingida por cenas de “tragédia grega”. Em dois anos e meio de mandato, saltou para o fundo do poço e levou junto as expectativas de milhões de brasileiros.
A título de combater a inflação e enxugar o excesso de dinheiro em circulação, declarou o bloqueio dos saldos de correntistas, um dos pontos que insuflou sua derrocada. “De repente, uma onda enorme me leva até uma ilha fantástica para presidir um País fantástico como o Brasil. Mas essa onda foi a mesma que depois me tragou de volta e me jogou contra os rochedos”, depõe Collor no livro “Os segredos dos Presidentes”.
Além do escândalo de corrupção que assolou seu mandato, intitulado esquema PC, o ex-presidente conviveu com um processo inflacionário, o qual a sociedade não conseguiu suportar. Manter juntas ambas as crises teria se tornado impraticável. Diferente do que ocorre, hoje, no Governo do presidente Lula, cuja base de apoio no Congresso é ampla, Collor teve um governo “solitário”.
E foi sozinho, em seu gabinete no Planalto, que esteve no dia em que a Câmara Federal aprovou, por 441 votos contra 38, a abertura do processo de impeachment . Era 29 de setembro de 1992. “`Batem à porta. O chefe do Gabinete Militar (general Agenon Homem de Carvalho) entra e me comunica o resultado. Eu digo: ‘Não temos mais nada o que fazer. Vamos embora`”, narrou Collor também no livro escrito pelo jornalista Geneton Moraes.
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