Hylda Cavalcanti
Da Rede Brasil Atual
O ministro do
Supremo Tribunal Federal Celso de Mello afirmou ontem (12) a
jornalistas, na saída da sessão do tribunal, que todos conhecem sua
opinião sobre um possível novo julgamento para 11 réus da Ação Penal
470, que esse entendimento está consolidado e que ele não pretende
mudá-lo por suposta pressão da opinião pública.
A Mello, que é o
ministro mais antigo do tribunal, coube a missão de dar o voto de
minerva (desempate), já que após duas sessões para debater se aceitaria
ou não os embargos infringentes dos réus, a corte chegou a um resultado
de cinco juízes a favor e cinco contra.
Ele disse que não se
sente desconfortável nem pressionado pela situação. Reiterou, ainda, que
esse tipo de questão é inerente às responsabilidades do cargo que ocupa
e que, embora não possa antecipar votos, todos sabem qual é sua
posição.
Mello deixou claro que está seguro, tem o voto pronto e
já sabe como proferir. Deu a entender, ainda, que manterá o
posicionamento favorável, evidenciado algumas semanas atrás, em
declarações públicas, e também em decisões de julgamentos anteriores no
STF.
O ministro chegou a dizer que, se quiserem saber como ele se
posicionará sobre o cabimento dos embargos infringentes, os jornalistas
devem procurar “as atas da sessão de 20 de agosto de 2012”, dia em que
foi discutida pelo tribunal a questão do desmembramento da AP-470.
Na
ocasião, o decano da mais alta corte do país enfatizou que “o STF, em
normas que não foram derrogadas e que ainda vigem, reconhece a
possibilidade de impugnação de decisões do plenário desta corte em sede
penal. Não apenas os embargos de declaração, como aqui se falou, mas
também os embargos infringentes do julgado, que se qualificam como
recurso ordinário dentro do Supremo Tribunal Federal, na medida em que
permitem a rediscussão da matéria de fato e a reavaliação da própria
prova penal”.
Mello chegou a ser indagado pelos jornalistas sobre
o fato do seu entendimento vir a ser modificado. E ironizou que seu
pensamento não “evoluiu”. “Não evoluí. Será que eu evoluí?”, afirmou, em
tom de brincadeira.
O ministro não quis antecipar o voto com
todas as letras, mas disse não ser difícil concluir sobre a forma como
votará, pelo fato de já ter se manifestado várias outras vezes sobre o
tema. “Ouvi todos os lados, li todos os memoriais redigidos pelos
advogados, os memoriais da eminente procuradora-geral da República e os
votos bem fundamentados que foram pronunciados na sessão anterior e na
sessão de hoje. Tenho minha convicção formada e estou pronto para
expô-la na próxima quarta-feira”, afirmou.
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