Os novos líderes na Câmara dos Deputados neste ano – responsáveis por
decidir a pauta de votações na Casa e orientar as bancadas nas votações
– foram escolhidos pelas legendas para atender os interesses eleitorais
das cúpulas partidárias.
Enquanto o novo líder do PT, deputado Vicentinho (SP), pretende ser
um elo de reaproximação do governo Dilma Rousseff com o movimento
sindical, o tucano Antonio Imbassahy (BA) foi bancado pelo possível
candidato à Presidência do PSDB, Aécio Neves (MG), para fortalecer a
aliança com o DEM e tentar diminuir a vantagem da presidente no
Nordeste. Mesmo com uma bancada menor, o PSB aposta num nome do núcleo
político do governador pernambucano Eduardo Campos para repercutir no
Legislativo a plataforma pessebista à presidência.
“O Vicentinho agrega na relação com os movimentos sociais e
sindicais”, avalia o vice-presidente da Câmara, deputado André Vargas
(PT-PR). “Ele é uma liderança de primeira grandeza no movimento
sindical.”
A escolha de Vicentinho, embora ainda não oficializada, mas é dada
como certa pelas lideranças petistas para substituir José Guimarães (CE)
à frente dos 88 deputados petistas.
Ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e
Diadema e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vicentinho é
encarado pelos sindicalistas como uma figura que pode levar as demandas
do setor para o Legislativo ou mesmo para a presidente Dilma Rousseff,
que tem sido criticada por ter abandonado a agenda das centrais. Um nome
com raízes no sindicalismo é importante para o PT e para o governo num
momento em que a segunda maior central sindical do País, a Força
Sindical, deverá apoiar o tucano Aécio Neves na sucessão presidencial.
Além do mais, ele integra um dos quadros do PT que passou imune ao
escândalo do mensalão.
Se no PT a perspectiva é de estreitar o diálogo com as bases
sindicais, entre os tucanos a eleição do baiano Antonio Imbassahy tem
por função cimentar a construção da aliança com o Democratas e ainda
aumentar o poder de fogo da legenda no Nordeste, que deu à presidente
Dilma Rousseff uma vantagem de 11 milhões de votos em 2010.
Os tucanos apostam na boa relação de Imbassahy com o atual prefeito
de Salvador, Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM), como uma ponte para
garantir o tempo de televisão dos Democratas ao senador Aécio Neves. A
expectativa é que ACM Neto retribua o apoio dado pelo PSDB baiano no
pleito por Salvador em 2012. “Essa relação do Imbassahy com o ACM Neto,
além dos quatro prefeitos do Norte e Nordeste que temos, faz com que
seja uma região em que o PSDB poderá ter um desempenho bem melhor do que
na eleição anterior”, afirmou o presidente do PSDB paulista, deputado
federal Duarte Nogueira. O PSDB é a terceira maior bancada da Câmara,
com 45 deputados.
Com uma bancada bem menor do que as que estarão por trás de Dilma e
Aécio, de 24 deputados, o PSB de Eduardo Campos vai escolher o nome para
conduzir a legenda na Câmara somente no início de fevereiro. O posto
deve ficar com o atual líder, Beto Albuquerque (RS), ou com o presidente
do PSB em Minas Gerais, Júlio Delgado, ambos próximos ao governador de
Pernambuco. “Qualquer que seja o nome escolhido vai ter muita relação
com o Eduardo Campos”, disse o presidente do PSB paulista, deputado
Márcio França. “Será um momento especial para reverberar o projeto
nacional do PSB no Plenário (da Câmara)”, acrescentou.
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