Da Agência Estado
Um terço dos 12 titulares da CPI da
Petrobras do Senado indicados até agora recebeu dinheiro de fornecedoras
da estatal nas eleições de 2010. O relator da comissão, José Pimentel
(PT-CE), está entre eles. Ele recebeu R$ 1 milhão da Camargo Corrêa,
empreiteira que lidera o consórcio responsável por obras da refinaria
Abreu e Lima, em Pernambuco, alvo de suspeitas.
A doação da empreiteira equivale a 20%
de tudo o que o petista conseguiu arrecadar para a sua campanha ao
Senado quatro anos atrás. Outros três titulares da comissão, instalada
nesta semana e controlada pelos aliados da presidente Dilma Rousseff,
também receberam de fornecedores da Petrobras.
Humberto Costa (PT-PE) também recebeu R$
1 milhão da Camargo Corrêa para sua campanha ao Senado. A construtora
OAS doou outros R$ 500 mil à campanha do senador. Juntas, as duas
fornecedoras com contratos com a Petrobras respondem por 30% das doações
obtidas pelo petista.
A Camargo Corrêa também contribuiu para
as campanhas de Ciro Nogueira (PP-PI), com R$ 150 mil, e Vanessa
Grazziotin (PC do B-AM), com R$ 500 mil, outros dois membros da CPI.
Ciro ainda conseguiu recursos R$ 100 mil da Votorantim Cimentos.
Os fornecedores da Petrobras foram
responsáveis por 10% de todas as doações feitas em 2010 à campanha de
Grazziotin e 6,25% do arrecadado pelo comitê de Nogueira.
Conforme revelou o Estado em abril, os
fornecedores da Petrobras respondem por 30% das doações nos pleitos de
2010 e 2012 aos postulantes à Presidência e ao Congresso Nacional. Isso
não implica que a estatal tenha direcionado as doações ou que haja
ilegalidade, mas revela o potencial de alcance político e econômico da
estatal.
A Operação Lava Jato, da Polícia
Federal, revelou em março deste ano suspeitas sobre as obras em Abreu e
Lima tocadas pela Camargo Corrêa. A partir da intermediação do doleiro
Alberto Youssef, a empreiteira teria sido favorecida por
superfaturamento nas obras. O favorecimento teria ocorrido, segundo a
Polícia Federal, com a ajuda do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras
Paulo Roberto Costa. Ele e Youssef estão presos no Paraná.
A CPI da Petrobras no Senado foi
instalada anteontem (14) e é controlada pela maioria governista. Os
aliados de Dilma aprovaram convites para ouvir a atual presidente da
estatal, Graça Foster, e o seu antecessor, José Sergio Gabrielli.
Também colocaram no plano de trabalho
apurações com potencial para atingir adversários de Dilma na sucessão
presidencial. Serão investigados o afundamento da plataforma P-36 no
governo Fernando Henrique Cardoso, aliado de Aécio Neves (PSDB), e uma
obra de dragagem no Porto de Suape, em Pernambuco, paga pela Petrobras
em parceria com o governo estadual – até abril comandado por Eduardo
Campos (PSB).
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