A agricultora Lindomar Ferraz Silva, de 65 anos, aponta para uma mangueira solitária quase sem folhas num descampado da zona rural de Floresta, cidade do sertão pernambucano onde nasce um dos eixos da transposição do rio São Francisco. No local ficava sua casa, que não existe mais. “A mangueira foi deixada ali, de recordação”, conta. O terreno de Lindomar, cuja área equivale a dois parques Ibirapuera e meio, começou a se transformar em 2007. A vegetação rala e cinzenta da caatinga foi tomada por um canal de concreto que terá 477 quilômetros de extensão, feito para levar a água de um dos principais rios do país para onde as pessoas não têm, sequer, o que beber, em 390 municípios dos Estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte. Sete anos depois dos primeiros sinais da bilionária obra, e quatro anos mais tarde do que o previsto, a aposentada conseguiu, finalmente, ver um tantinho de rio passar em seu quintal. É ali que fica o reservatório Areias, o primeiro a se encher d’água, no último mês de outubro, quando os primeiros testes da transposição começaram.(Do El País - Talita Bedinelli Floresta) |
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
Uma obra sem fim para levar água ao sertão brasileiro
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