Débora Duque
Embora já tenha sido
especulado nos bastidores, o desembarque do PMDB no palanque socialista
causou não só surpresa, como revolta entre os demais membros da
oposição. Alguns evitaram polemizar a decisão do antigo aliado, mas o
sentimento geral foi de traição. Não faltaram insinuações, por
exemplo, de que o deputado federal Raul Henry (PMDB) teria feito uma
espécie de jogo duplo ao negociar, simultaneamente, com o PSB e os
oposicionistas.
Uma das expressões mais claras de indignação foi
dada pelo deputado federal Mendonça Filho (DEM), que soube da
reviravolta peemedebista através da imprensa. Ele reagiu às alegações de
Henry de que a decisão do PMDB havia sido motivada pela falta de
unidade na oposição. Quando você não consegue alcançar a unidade, você
parte para o governo? Isso é uma novidade em política. Não sabia que a
ausência de unidade impõe a adesão ao governo. Não me venha com
explicações mirabolantes para justificar uma questão de conveniência,
que tem a ver com 2014, atacou.
Mendonça também sugeriu que
Henry, ao condicionar o lançamento de sua candidatura ao apoio de todos
os partidos de oposição, estaria seguindo uma orientação do Palácio para
controlar o bloco. E ainda cobrou lealdade do ex-aliado. Salta aos
olhos que o PSB queria indicar o candidato número um e ainda escolher o
suposto candidato da oposição. Por uma questão de lealdade, as coisas
tinham que ter sido postas de modo transparente, afirmou.
A
reação do presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra foi mais amena. O
tucano disse que já esperava a decisão do PMDB e frisou que pretende
manter a candidatura de Daniel Coelho (PSDB). Ainda no domingo, Guerra
convocou correligionários para discutir a estratégia do partido diante
do novo quadro. Internamente, ainda se estuda o apoio a Mendonça. Já as
chances de a sigla seguir o mesmo caminho dos peemedebistas, avalizando a
candidatura do PSB, são, hoje, consideradas remotas. A avaliação é de
que a legenda perdeu o timing para oficializar uma aliança com os
socialistas. O tucano retorna hoje de São Paulo e deve anunciar, amanhã
ou na quinta, a posição definitiva do partido.
Já o ex-deputado
Raul Jungmann (PPS) assegurou que o PPS ainda buscará a unidade da
oposição e descartou o apoio ao PSB. Nos bastidores, porém, comenta-se
que o pós-comunista não está disposto a apoiar nem Mendonça nem Daniel
Coelho e que, por isso, estaria inclinado a trilhar o mesmo rumo que o
PMDB.
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