BRASÍLIA Durante uma sessão administrativa realizada ontem, os
ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) marcaram para 1º de agosto
o início do julgamento do processo do mensalão. Se o cronograma for
confirmado, o veredicto deverá sair às vésperas da eleição municipal.
Até
14 de agosto, a Corte realizará sessões diárias de cinco horas para
ouvir a acusação do Ministério Público Federal e as defesas dos 38
acusados de envolvimento no principal escândalo de corrupção do governo
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A partir do dia 15
começarão a ser revelados os votos dos ministros do STF.
Mas o
início do julgamento em 1º de agosto depende do revisor do processo,
Ricardo Lewandowski. Atualmente, o ministro estuda a ação e a
expectativa é de que libere o processo para votação até o final deste
mês. Lewandowski não participou da sessão administrativa de ontem. Mas
a assessoria do ministro confirmou que ele devolverá a ação em junho.
Se essa previsão realmente se confirmar, o julgamento poderá ocorrer em
agosto.
A decisão do STF de marcar o julgamento para agosto
contraria os interesses das lideranças petistas, entre as quais Lula,
que não queriam expor o partido durante a campanha eleitoral.
Recentemente,
o ex-presidente envolveu-se numa polêmica após se reunir com o ministro
Gilmar Mendes, do STF, e o ex-ministro Nelson Jobim.
Mendes disse
que Lula tentou intimidá-lo para garantir que o processo não fosse
julgado durante o período eleitoral. Segundo o ministro do STF, Lula
seria a central de divulgação de boatos que teriam o objetivo de
melar o julgamento do mensalão.
Se o julgamento de fato começar
em agosto, a expectativa é de que somente seja concluído em setembro.
Após as sessões diárias nas quais serão ouvidas a acusação e as
defesas, o tribunal passará a se reunir a partir de 15 de agosto três
vezes por semana (segunda, quartas e quintas-feiras) para ouvir os
votos de seus ministros.
Não é possível precisar quando o
tribunal concluirá o julgamento e definirá se os 38 acusados ou parte
deles serão ou não condenados. Os ministros da Corte não têm limite de
tempo para dar seus votos e eventuais incidentes poderão ocorrer.
O
começo do julgamento em agosto poderá fazer com o processo seja
apreciado por um tribunal incompleto. No início de setembro, o ministro
Cezar Peluso terá de se aposentar compulsoriamente aos 70 anos. Mas no
tribunal há a expectativa de que ele deixe a Corte durante o recesso de
julho.
Normalmente, depois de surgida uma vaga no Supremo, o
Executivo demora meses para indicar um ministro para o tribunal. Após a
indicação, o escolhido tem de ser sabatinado na Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Em seguida, o plenário do
Senado também tem de votar a indicação. Somente depois disso a posse
pode ser marcada.
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