O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse
nesta segunda-feira em São Paulo que o País vive “um apagão de gestão” e
que a sucessão de escândalos na Petrobras o constrange. “Pela dimensão e
repetição os escândalos realmente constrangem”, declarou o ministro.
“Basta saber qual é o próximo (escândalo), isso é sem dúvida muito
sério”, alertou Mendes. “Temos graves problemas aqui (na Petrobras), são
repetidos os casos de corrupção, muitos deles associados à questão
política, a campanhas.”
A estatal petrolífera brasileira está no centro de uma crise sem
precedentes desde que seu ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto
Costa, foi preso pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Costa é
acusado de lavagem de dinheiro a partir de crimes contra a administração
pública, corrupção e peculato.
“É preciso que se dê a atenção devida (aos escândalos na Petrobras)”,
prosseguiu Mendes. “Temos um aparato de repressão que vem se mostrando
pelo menos ativo, senão eficaz, mas os escândalos realmente constrangem.
Pela dimensão e pela repetição. Era a grande empresa brasileira. E há
pouco tivemos o caso do mensalão com referências a uma outra grande
empresa brasileira, o Banco do Brasil, envolvido nesse episódio
lamentável.”
Ao comentar a onda de violência que se espalha pelo País, Gilmar
Mendes alertou para o que chama de “grave crise de gestão”. “Quero dizer
que nós estamos vivendo um momento de apagão de gestão. Precisamos
pensar claramente: que tipo de legado estamos deixando para os nossos
filhos? Quanto piorou a gestão pública no Brasil? É um quadro de anomia
muito preocupante e má qualidade dos serviços prestados. As demandas que
são formuladas não são atendidas minimamente. Isso é muito sério.”
Para o ministro, o quadro de “má gestão” afeta também a segurança
pública. “Temos um déficit enorme no que concerne a segurança pública.
Isso é notório. Basta ver o tema que está na agenda hoje, a má gestão
dos presídios, todos esses problemas que se acumularam ao longo dos anos
que é uma parte do tema segurança pública. Tomamos medidas importantes
no que diz respeito à ocupação dos morros no Rio, as UPPs, mas com
grandes déficits. A União tem que participar mais ativamente do tema da
segurança pública. É preciso que isso entre na própria agenda da disputa
presidencial. O cidadão perdeu a liberdade, o cidadão normal é um
prisioneiro porque ele não pode sair à rua nas nossas grandes cidades.”
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