Francisco Jordão - Folha de S.Paulo
Mesmo com o Congresso Nacional entregue aos fantasmas nessa época do ano, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não tira o time de campo.
Interrompeu seu recesso parlamentar para um café da manhã com jornalistas, no qual falou sobre seus planos para o rito do impeachment da presidente Dilma Rousseff, sobre sua defesa no Conselho de Ética, fez um balanço das votações de 2015 e praticou seu esporte predileto: bater no procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Cunha foi denunciado por Janot sob a acusação de receber propina de US$ 5 milhões e recentemente a Polícia Federal fez buscas e apreensões nas residências do deputado. Ele não se conforma que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não esteja recebendo o mesmo tratamento.
Além disso, o presidente da Câmara é acusado de mentir a seus pares sobre contas no exterior e o mesmo procurador apontou 11 motivos para ele deixar o cargo.
Como Cunha jura inocência e não larga o osso, entoa a ladainha de sempre, com um ou outro detalhe a mais, desde que os ventos pararam de soprar a seu favor.
Até resolveu dar pitacos sobre as eleições municipais do ano que vem. Cravou uma obviedade. "O governo não será um bom eleitor em 2016, não há dúvidas disso."
E Cunha será um bom puxador de votos? Quantos aliados o chamariam para subir no palanque? Ele admite prejuízos para sua imagem, afinal, "a mídia" o expôs "de forma negativa continuamente". "Só que não são os meus eleitores que estão me rejeitando. No caso da presidente é diferente porque são os eleitores dela que a estão rejeitando."
O tempo é inimigo de projeções na política e até outubro muita coisa pode mudar. Mas hoje, em termos de apoio nas eleições municipais, Dilma e Cunha têm mais semelhanças do que diferenças.
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