Bonifácio de Andrada será o responsável por elaborar parecer a favor ou contra prosseguimento da acusação contra Temer. Líder pediu para que nenhum deputado tucano assumisse relatoria.
Por Alessandra Modzeleski e Fernanda Calgaro, G1, Brasília
A escolha do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) para ser o relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da denúncia contra o presidente Michel Temer causou mal-estar e “surpresa” em parte da bancada tucana.
Temer é acusado de integrar uma organização criminosa e de obstrução à Justiça. Também são alvo da denúncia por organização criminosa os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral).
Com o agravamento da crise política e as acusações de corrupção envolvendo integrantes do Palácio do Planalto, uma ala do PSDB tem defendido o desembarque imediato do governo.
Atualmente, o PSDB detém o comando de quatro ministérios (Cidades, Relações Exteriores, Direitos Humanos e Secretaria de Governo).
Para não acirrar o racha na bancada, o líder do partido na Câmara, deputado Ricardo Trípoli (SP), havia feito um apelo para que a relatoria não fosse entregue a um tucano.
Isso porque caberá ao relator elaborar um parecer favorável ou contra o prosseguimento da denúncia no Supremo Tribunal Federal (STF) e, independentemente da posição que ele tomar, haverá desgaste: interno ou com o governo.
Desde o anúncio do nome do relator, o G1 tenta entrar em contato com Andrada, mas até a última atualização desta reportagem não havia conseguido.
Na análise da primeira denúncia contra Temer, desta vez por corrupção, um deputado do PSDB, Paulo Abi-Ackel (MG), foi o autor do parecer na CCJ para barrar a denúncia, gerando desconforto na ala pró-desembarque.
A indicação de Andrada foi recebida com “surpresa” pela bancada. Parlamentares afirmam que ele não consultou o partido antes de aceitar a função e que a decisão foi, portanto, pessoal.
"Todo mundo ficou surpreso, porque eu mesmo falei com o presidente da CCJ para não indicar ninguém do PSDB e ele tinha se comprometido a não indicar. Estamos conversando para tentar entender, estamos assimilando ainda. Ele aceitou sem fazer consulta ao partido", afirmou Betinho Gomes (PSDB-PE), vice-líder da legenda e coordenador tucano na comissão, onde é titular.
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