Faço parte do PMDB há 32 anos e nunca
imaginei que um dia veria este partido ter uma atitude tão antagônica
aos seus princípios e a sua história quanto a que estou vendo neste 1º
de maio de 2014.
A informação publicada hoje pela coluna
Direto da Fonte, da jornalista Sonia Racy, no jornal O Estado de São
Paulo, se confirmada, coloca a história do PMDB, não só o de São Paulo,
mas de todo o país, no lixo. Nem mesmo partidos extremamente
alinhados com a ditadura, como a ARENA, proibiam a disputa interna
entre seus filiados ou puniam aqueles que legitimamente pleiteavam entre
seus pares o direito de representar o partido nas eleições seguintes.
Muito menos intimidavam ou ameaçavam aqueles que
demonstravam apoio aos pré-candidatos de alas que não eram da
preferência da cúpula do partido.
Agora, em pelo ano de 2014, o PMDB de São
Paulo resolve jogar fora toda sua história de defesa da democracia,
entrar na contramão da história e em um ato totalitário coibir a disputa
interna para a eleição ao Governo de São Paulo.
O apoio e preferência, até então velada, da
executiva do partido ao meu concorrente Paulo Skaf, sempre me causou
estranheza, já que como líderes do partido deveriam primar pela
equidade. Mas assimilei. Há duas semanas, no entanto, depois
de uma reunião extraordinária da executiva estadual do partido, a
pedido da mesma, delegados regionais começaram ser pressionados para
assinar cartas de apoio a candidatura de Paulo Skaf.
A liderança da campanha do Paulo Skaf
procurar delegados para pedir apoio, faz parte do jogo. Seria legítimo. A
executiva pressionar estes delegados, não. Mas acontece que o pessoal
do Skaf não conhece ninguém do partido e não tem relação
com ninguém. É um estranho para a maioria do PMDB. E depende desta
tropa de choque formada pela cúpula. Ainda mais depois que as decisões
do TRE-SP puniram o PMDB/SP com a perda de 80 minutos por conta de
propaganda antecipada. E ainda há mais ações em curso
que podem piorar a situação e as punições ao partido, principalmente se
ficar comprovado que houve propaganda antecipada.
Sem histórico de relação com a grande massa
dos membros do partido e trazendo todo este prejuízo em termos de tempo
de TV e Rádio é natural que ele seja distante desta base do PMDB e não
tenha condições de ir pedir sozinho apoio aos
delegados. E que fique preocupado com o resultado que a convenção de 15
de junho pode apresentar. Eleição de um candidato só não é eleição.
Debate de uma voz só não é debate. Partido de um candidato só, por
pressão, intimidação e medo, não é partido. Garantir
púlpito único a quem quer que seja é tornar o partido uma legenda de
aluguel.
Nesta semana estive em Brasília e recebi o
apoio de grandes lideranças nacionais do nosso partido, como os
senadores Jarbas Vasconcelos, de Pernambuco, e Pedro Simon, do Rio
Grande do Sul, além de Henrique Eduardo Alves, presidente da
Câmara dos Deputados. Todos, além do apoio a minha pré-candidatura,
ressaltaram a importância do partido ter disputas internas para manter
vivo o debate de ideias e a veia democrática.
O argumento para expulsão dos delegados que
me apoiam é ridículo. Ameaçar com expulsão a quem quer uma disputa
democrática, aberta e limpa é uma
desonra às tradições e à memória de Ulysses Guimarães e Orestes
Quércia. Quem não tem argumentos nem programa, usa a força. O PMDB é o
maior partido do país porque nasceu das lutas democráticas contra a
ditadura militar.
Atitudes antidemocráticas como estas não são
ruins só para a minha pré-candidatura, mas para a história do partido. E
também um perigo para o país, de democracia tão recente.
Espero que o partido refute esta informação e deixe que o PMDB seja o PMDB: democrático.
Abaixo, na íntegra, para que nada fique fora
de contexto, o texto publicado no Estadão de hoje (01/05/14), na coluna
Direto da Fonte, da Sônia Racy (http://blogs.estadao.com.br/sonia-racy/lista-negra/):
Lista negra
O PMDB decidiu: vai expulsar os peemedebistas que apoiam formalmente a
pré-candidatura de Fernando Fantauzzi ao governo de SP - em
contraposição ao nome de Paulo Skaf.
A falta de participação partidária será a justificativa para
destituí-los da legenda - que identificou digitais do Palácio dos
Bandeirantes no surgimento de Fantauzzi.
Lista negra 2
Paralelamente, líderes do PMDB paulista intensificaram o giro pelo
Estado para garantir chapa única em torno de Skaf na convenção estadual -
que acaba de ser marcada para dia 15 de junho.
Fernando Fantauzzi
Filiado ao PMDB desde 1982
Pré-Candidato ao Governo do Estado de São Paulo
São Paulo, 1º de maio de 2014
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