Jornal do Commercio
Pelo menos um quinto de nossos atuais
prefeitos está irregular junto ao Tribunal de Contas de Pernambuco
(TCE-PE). Esta foi a constatação feita pela reportagem do JC,
ao cruzar a lista com 1.624 nomes de gestores condenados (divulgada
pelo órgão, no último dia 23) e a relação da Associação Municipalista de
Pernambuco (Amupe), que congrega as 184 prefeituras do Estado.
Os 35 prefeitos detectados cometeram
infrações variáveis em algum período dos últimos oito anos, e esgotaram
todos os recursos processuais possíveis dentro do TCE-PE. Isso leva a
uma consideração assustadora: quando novos processos transitarem e forem
julgados, outros nomes devem ser inseridos nesse rol.
A lista do TCE-PE está disponível a
qualquer cidadão que tenha curiosidade e paciência para verificar as
centenas de processos agrupados no site www.tce.pe.gov.br. Ela foi
encaminhada à Procuradoria Regional Eleitoral (PRE-PE) para que sejam
tomadas providências legais, caso a caso, dentro da Lei da Ficha Limpa,
que entra em vigor nas próximas eleições e impede a candidatura de quem
cometeu improbidade dolosa comprovada. “Em 2016, alguns dos atuais
gestores estarão impedidos de se recandidatar”, confirmou o corregedor
geral do TCE-PE, Marcos Loreto, que coordenou a elaboração da listagem.
Ao ser procurado, Loreto concordou que
ter 35 prefeitos irregulares, dentro de um total de 184, representa um
percentual muito alto. “É um sinal de alerta, que precisa ser
verificado”, declarou. Ele frisou que vários casos incluídos na lista
deverão ser resolvidos com sanções mais leves, como pagamento de multas.
“Os pontos mais recorrentes foram a
questão da não-prestação de contas; do não-recolhimento adequado da
Previdência Social; do descumprimento da Lei da Responsabilidade Fiscal, com despesa com pessoal maior que o permitido; e
do não-cumprimento do percentual previsto em lei para investimentos em
Educação e Saúde”, enumerou.
Para o procurador regional eleitoral
João Bosco Araujo Fontes Junior, que lidera a equipe responsável por
analisar a relação do TCE e propor ações de impugnação de candidatura e
outras possíveis sanções, “muitas dessas pessoas poderão ser pegas pelo
sistema, talvez não nestas eleições, porque já estão com mandato, mas
daqui a dois anos”. “Quem tem a ficha suja já mostrou, concretamente,
que gere mal a coisa pública. Então é bom que haja a ação preventiva,
que poupa os eleitores de votar mal e a Justiça de talvez ter que
efetuar uma cassação de mandato”, comentou.
Visitando o site do TCE-PE, adversários
políticos e eleitores em potencial podem ver que Elias Lira (Vitória de
Santo Antão) e Alexandre Martins (Terezinha) mantinham funcionários
ativos que moravam fora de Pernambuco. Elias contratou pessoas já
falecidas, e Alexandre pagou a servidores cujos CPFs pertencem a
terceiros. Hely Farias (Rio Formoso) cometeu todas essas
irregularidades. E Aparecida Oliveira (Solidão) também fez tudo isso e ainda admitiu menores de idade.
irregularidades. E Aparecida Oliveira (Solidão) também fez tudo isso e ainda admitiu menores de idade.
João Mendonça (Belo Jardim) contratou
transporte escolar sem licitação, e Francisco Dessoles (Iguaracy)
implantou caminhões para levar estudantes às aulas, alegando estradas
ruins. Eduardo Tabosa (Cumaru) falsificou propostas de preços e de
assinaturas e pagou por serviços de perfuração de poços feitos com
equipamentos da própria prefeitura. Jetro Gomes (Santa Maria da Boa
Vista) foi obrigado a devolver valores gastos com combustível e locação
de veículos. Marquidoves Vieira (Lagoa do Ouro) foi acusado de
desobediência à Lei da Responsabilidade Fiscal e às decisões do TCE.
Em Catende, durante a gestão de Otacílio
Cordeiro, oito pessoas não-habilitadas para o exercício da Medicina
foram contratadas como tal. Sérgio Miranda (Panelas) tentou colocar na
prestação de contas de 2003 a mesma reforma do vestiário de uma escola
que havia sido concluída e apresentada, em 2002.
A lista na internet é provisória, e
poderá ser modificada até o dia 05 de julho, segundo a legislação
eleitoral. Estas e outras irregularidades serão analisadas pela equipe
da PRE-PE, que deverá propor impugnação nos casos cabíveis. A decisão
definitiva caberá ao TRE. De qualquer modo, todos os cidadãos
pernambucanos com acesso à internet têm a possibilidade de fazer,
desde já, seus próprios julgamentos.
desde já, seus próprios julgamentos.
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