Josias de Souza
Aécio Neves fez da tribuna do Senado, nesta quarta-feira, um pronunciamento muito parecido com um grito de guerra. Se 10% do vapor de suas palavras virar energia, haverá na praça um PSDB diferente. Antes da campanha presidencial de 2014, a oposição tucana parecia capaz de tudo, menos de se opor. Aécio indica que isso mudou.
“Ainda que por uma pequena margem, o desejo da maioria dos brasileiros foi que nos mantivéssemos na oposição. E é isso que faremos”, discursou o senador. “Com o ânimo redobrado, conectados com o sentimento de metade do país, que temos hoje a responsabilidade de representar.”
Aécio adjetivou a oposição que planeja liderar: “Faremos uma oposição incansável, inquebrantável, intransigente na defesa dos interesses dos brasileiros. Vamos fiscalizar, vamos acompanhar, vamos cobrar, vamos denunciar, vamos combater sem tréguas a corrupção que se instalou no governo brasileiro.”
O orador deixou pendurada no ar a mão estendida da presidente reeleita: “Agora, os que foram intolerantes durante 12 anos falam em diálogo. Pois bem, qualquer diálogo está condicionado ao envio de propostas que atendam aos interesses dos brasileiros. E, principalmente —e chamo a atenção desta Casa e dos brasileiros para o que vou dizer—, qualquer diálogo tem que estar condicionado especialmente ao aprofundamento das investigações e exemplares punições àqueles que protagonizaram o maior escândalo de corrupção da história desse país, já conhecido como petrolão.”
Horas antes do pronunciamento de Aécio no Senado, Dilma discursara para a cúpula do PSD de Gilberto Kassab no vizinho Palácio do Planalto. A presidente dissera que, apesar de ter sido reeleita, tem a noção de que seu governo terá de propor mudanças e reformas. Não há, por ora, clareza quanto ao que será alterado sob Dilma 2. Porém…
Uma mudança a presidente já conseguiu produzir: com sua campanha de estilo, digamos, tratoral Dilma ensinou ao PSDB que, numa democracia, o papel da oposição é o de se opor. Beneficiado pelo início da exposição das contradições da ex-candidata Dilma e da erosão de sua política econômica, Aécio sinaliza que se oporá ao governo petista com um rigor semelhante ao que o PT empregava ao guerrear contra as administrações tucanas de Fernando Henrique Cardoso.
Na virada da ditadura para a democracia, Tancredo Neves prevaleceu na eleição indireta do colégio eleitoral porque personificava o desejo de acabar com um regime militar de 20 anos. Neto de Tancredo, Aécio Neves apresenta-se como candidato a encarnar o fim de uma hegemonia democrática que vai durar pelo menos 16 anos. Poderia jogar parado. A cada má notícia, gritaria para os refletores: “Eu avisei!”. Mas exibe disposição de molhar a camisa, correndo todo o campo. Dispõe de quatro anos para provar que tem o fôlego de um líder genuíno.
Aécio Neves fez da tribuna do Senado, nesta quarta-feira, um pronunciamento muito parecido com um grito de guerra. Se 10% do vapor de suas palavras virar energia, haverá na praça um PSDB diferente. Antes da campanha presidencial de 2014, a oposição tucana parecia capaz de tudo, menos de se opor. Aécio indica que isso mudou.
“Ainda que por uma pequena margem, o desejo da maioria dos brasileiros foi que nos mantivéssemos na oposição. E é isso que faremos”, discursou o senador. “Com o ânimo redobrado, conectados com o sentimento de metade do país, que temos hoje a responsabilidade de representar.”
Aécio adjetivou a oposição que planeja liderar: “Faremos uma oposição incansável, inquebrantável, intransigente na defesa dos interesses dos brasileiros. Vamos fiscalizar, vamos acompanhar, vamos cobrar, vamos denunciar, vamos combater sem tréguas a corrupção que se instalou no governo brasileiro.”
O orador deixou pendurada no ar a mão estendida da presidente reeleita: “Agora, os que foram intolerantes durante 12 anos falam em diálogo. Pois bem, qualquer diálogo está condicionado ao envio de propostas que atendam aos interesses dos brasileiros. E, principalmente —e chamo a atenção desta Casa e dos brasileiros para o que vou dizer—, qualquer diálogo tem que estar condicionado especialmente ao aprofundamento das investigações e exemplares punições àqueles que protagonizaram o maior escândalo de corrupção da história desse país, já conhecido como petrolão.”
Horas antes do pronunciamento de Aécio no Senado, Dilma discursara para a cúpula do PSD de Gilberto Kassab no vizinho Palácio do Planalto. A presidente dissera que, apesar de ter sido reeleita, tem a noção de que seu governo terá de propor mudanças e reformas. Não há, por ora, clareza quanto ao que será alterado sob Dilma 2. Porém…
Uma mudança a presidente já conseguiu produzir: com sua campanha de estilo, digamos, tratoral Dilma ensinou ao PSDB que, numa democracia, o papel da oposição é o de se opor. Beneficiado pelo início da exposição das contradições da ex-candidata Dilma e da erosão de sua política econômica, Aécio sinaliza que se oporá ao governo petista com um rigor semelhante ao que o PT empregava ao guerrear contra as administrações tucanas de Fernando Henrique Cardoso.
Na virada da ditadura para a democracia, Tancredo Neves prevaleceu na eleição indireta do colégio eleitoral porque personificava o desejo de acabar com um regime militar de 20 anos. Neto de Tancredo, Aécio Neves apresenta-se como candidato a encarnar o fim de uma hegemonia democrática que vai durar pelo menos 16 anos. Poderia jogar parado. A cada má notícia, gritaria para os refletores: “Eu avisei!”. Mas exibe disposição de molhar a camisa, correndo todo o campo. Dispõe de quatro anos para provar que tem o fôlego de um líder genuíno.
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