De O Globo – Isabel Braga, Chico de Gois e Cristiane Jugblut
A decisão do ministro da Educação, Cid Gomes, de partir para o ataque ao responder à convocação dele pelos deputados e depois pedir demissão é vista, entre parlamentares do PROS, como a saída encontrada por ele de deixar o ministério de cabeça erguida. Para os colegas de partido, Cid — ao inflamar seu discurso e criticar abertamente os "oportunistas", conclamando-os a "largarem o osso e deixarem o governo" é parte de um jogo combinado para sua saída com honra do cargo. A presidente está para fazer uma mudança em seu ministério e Cid saberia que sua situação ficou insustentável.
Para deputados do PROS, Cid sairia do cargo, deixando-o vaga para a volta de Aloizio Mercadante, que também se queimou como articulador político do governo com o Congresso e, deixando a Casa Civil, e abrindo espaço para que outro ministro petista mais habilidoso, como Jaques Wagner fosse para Casa Civil. Nos pronunciamentos, o próprio Cid e também o líder do PROS na Câmara, deputado Domingos Neto (PROS-CE), afirmou que havia interesse "escusos" dentro da própria base para defender a saída de Cid Gomes.
Antes de deixar a tribuna, depois de ser chamado de "palhaço" pelo deputado Sérgio Zveiter (PSD-RJ), o próprio Cid Gomes afirmou que vinha de Sobral e voltaria para sua cidade natal de cabeça erguida. Deputados da oposição viram na fala inflamada de Cid Gomes uma estratégia acertada para o desgaste sofrido.
— Eu parabenizei ele e disse que a estratégia é certa. Ele está demissionário e volta ao estado dele de cabeça erguida — disse o tucano Jutahy Magalhães (BA).
— Ele está saindo grande — admitiu o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA).
O fato de Cid Gomes ter invertido o ataque preparado pelo Congresso incomodou os parlamentares e culminou na decisão do deputado Sérgio Zveiter de chamá-lo de palhaço. Visivelmente irritado,o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), logo depois que Cid Gomes deixou o plenário, aos gritos de "fujão", anunciou que a Câmara e ele próprio irão processar o ministro.
— Está claro e nítido que não temos condições de continuar a sessão com um representante do executivo afrontando todos nós. Não vamos perder nosso dia de trabalho. Mas essa Casa tem que reagir — disse Cunha.
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