quinta-feira, 7 de maio de 2015

E a Dilma, heim? Sequer ouviu as corajosas mulheres


Foto: Gerdan Wesley
Foto: Gerdan Wesley

Brasília – A Comissão de Relações Exteriores do Senado (CRE) promoveu, nesta quinta-feira (07), audiência pública para debater a situação política na Venezuela, que viola direitos humanos e prende políticos de oposição,  e contou com a participação de três corajosas mulheres vítimas de Nicolás Maduro. Lá estiveram as esposas de dois presos políticos daquele país: Antônio Ledezma e Leopoldo López.
Lilian López é casada com Leopoldo López, líder do partido político Vontade Popular, que está detido desde fevereiro do ano passado, acusado de ter incitado à violência em manifestações contra o regime chavista.
Mitzy é esposa de Antônio Ledezma que, no exercício de seu mandato como prefeito de Caracas, foi preso por agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional em janeiro.
Também esteve presente Rosa Orozco, que teve a filha assassinada durante uma manifestação contra o governo, em Caracas.
Em emocionado depoimento àquela comissão, a ativista Lilian Tintori de López criticou duramente o regime chefiado pelo presidente Nicolás Maduro, da Venezuela, e pediu ao Brasil que “se levante e alce sua voz e para ajudar cada venezuelano a levantar as bandeiras da democracia e dos direitos humanos”.
As venezuelanas esperavam ser recebidas por Dilma Rousseff. Mas a presidente se recusou. O líder do PSDB, senador Cássio Cunha Lima (PB), lamentou que nem a condição de gênero fez com que Dilma tivesse a sensibilidade de ouvir as venezuelanas. A postura de Dilma reforçou a ideia de que o governo do PT não só apoia, como é cúmplice do regime totalitário chefiado por Maduro.
Foto: Gerdan Wesley
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Aécio Neves
O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), falou sobre as violações da democracia no país vizinho e criticou a omissão do governo de Dilma Rousseff em relação ao assunto. Aécio disse que o Congresso vive hoje um momento histórico, ao receber as mulheres que expressam o sentimento de grande parte da população venezuelana em busca do restabelecimento da democracia e do respeito aos direitos humanos naquele país.
“Lilian, Mitzy e Rosa trazem o sentimento mais legítimo daqueles que querem para a Venezuela uma saída constitucional e vêm aqui alertar para a gravidade da omissão do governo brasileiro no tratamento dessa questão. Esta causa da democracia na Venezuela não tem fronteiras. Quando se fala em democracia, direitos humanos e liberdade, não há que se respeitar fronteiras. Estamos, portanto, engajados nesta luta” – disse Aécio.
“Uma comissão foi criada, no Senado Federal e na Câmara dos Deputados, com o apoio do presidente Renan,  para que um grupo de parlamentares brasileiros, de oposição e de situação, possam in loco, estar na Venezuela e cumprir um papel que deveria estar sendo cumprido pelo governo brasileiro. Repito que a omissão do governo brasileiro tem retardado o restabelecimento da democracia e das liberdades naquele país. Recebemos com muita honra hoje no Congresso Nacional a presença dessas verdadeiras militantes da democracia e das liberdades” -  explicou.
“Um país como o Brasil, que tem como presidente da República uma ex-presa política, não pode se calar quando vê um país vizinho, quando assiste no país vizinho, um governo manter quase 90 presos políticos. É hora de o governo brasileiro agir conforme espera a grande maioria dos brasileiros em defesa da democracia na Venezuela. É uma omissão inaceitável” – lamentou.
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Aloysio Nunes Ferreira
O presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE), senador Aloysio Nunes Ferreira (SP), fez duras críticas à forma pela qual a presidente Dilma Rousseff tem tratado a situação na Venezuela. Ele lamentou que as violações aos direitos humanos tenham se multiplicado depois das eleições presidenciais e que o governo brasileiro não tenha até o momento tomado uma atitude mais enérgica para reagir a esse fato.  “Lamentavelmente, o governo brasileiro não tem tomado posições que o povo brasileiro, amante da democracia, deseja. Integração exige liberdade. Não pode haver integração entre países sem liberdade”, disse o senador.
Aloysio afirmou, ainda, que o Brasil quer ter peso cada vez maior nas decisões internacionais. “Temos pretensão de ocupar uma vaga no Conselho de Segurança da ONU, além do desejo de ser peça chave em negociações sobre o comércio internacional. Por que o Brasil não atua com seu peso próprio pelo menos nas questões fundamentais como direitos humanos e democracia? Um país do nosso tamanho não pode se omitir nessa questão” – explicou o presidente da CRE.
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Cássio Cunha Lima
Ao comentar sobre a luta das esposas dos líderes políticos venezuelanos, o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), disse que testemunhou, na comissão de Relações Exteriores (CRE), “faces de coragem, altivez e firmeza nas crenças dos valores da democracia e das liberdades individuais”.
Cássio fez questão de elogiar a iniciativa do presidente da CRE, senador Aloysio Nunes Ferreira, de promover o debate. “Esta atitude do senador Aloysio inaugura um tempo novo na luta dessas senhoras, que vêm enfrentando tudo com tanto grandeza e coragem. Por mais longa que seja a noite, amanhecerá”, assegurou, com emoção na voz.
Ao lembrar do período em que o povo brasileiro lutou contra a ditadura militar, Cássio recitou o poema “Faz escuro mas eu canto”, de autoria do poeta Thiago de Mello: “Faz escuro mas eu canto, porque a manhã vai chegar.Vem comigo, companheiro, a cor do mundo mudar. Vale a pena não dormir para esperar a cor do mundo mudar. Já é madrugada, vem o sol, quero alegria, que é para esquecer o que eu sofria. Quem sofre fica acordado defendendo o coração. Vamos juntos, multidão, trabalhar pela alegria, amanhã é um novo dia”.
Foto: Gerdan Wesley
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José Serra
O senador José Serra (SP) disse que o governo da Venezuela está desrespeitando uma das regras do Mercosul ao “quebrar a democracia no país”, por isso o Itamaraty e o Palácio do Planalto devem pedir explicações a Maduro. O tucano defende o envio de uma comissão de senadores brasileiros a Caracas para acompanhar a situação dos presos. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), autorizou a ida dos congressistas, mas a viagem ainda não foi marcada.
“Pedi ao Renan que operacionalizasse a visita de uma comissão de senadores a Caracas para verificar in loco qual é a situação, entrevistar os presos e as suas famílias subsidiar o governo brasileiro para que tome uma posição que já deveria ter sido tomada, que é o repúdio à quebra do jogo democrático por um membro do Mercosul”, afirmou o senador.
 
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Tasso Jereissati
Durante audiência pública, o senador Tasso Jereissati (CE) apresentou requerimento de convocação do ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, em substituição ao convite que havia apresentado no último mês, para que ele explique a política externa do governo Dilma em relação à violação de direitos humanos.
Tasso lembrou que essa não foi a primeira omissão do governo brasileiro em relação à violação de direitos humanos. Em março passado, a representação brasileira na Organização das Nações Unidas (ONU) se absteve em votação do Conselho de Direitos Humanos sobre fatos ocorridos na Síria e no Irã, e agora se omite, novamente, perante a situação da Venezuela, o que considera inaceitável.
“Nós estamos falando de uma política externa que não atende aos mais importantes valores fundamentais da nação brasileira e da Constituição Brasileira. Nós temos que convocar, o mais rápido possível, a presença do ministro de Relações Exteriores para explicar que política é essa que o Brasil está fazendo em relação ao exterior”, defendeu Tasso.
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Antonio Anastasia
‘Estarrecido’.  Foi a expressão usada pelo senador Antonio Anastasia (MG) para caracterizar o sentimento daqueles que assistiram à reunião da CRE. Durante o encontro, Anastasia ouviu o relato da senhora Rosa Orozco, mãe de uma jovem assassinada naquele país.
“É com tristeza que aqui nós ouvimos de viva voz o que já acompanhávamos pela imprensa: a ditadura, o desrespeito aos direitos humanos, os assassinatos, a situação caótica por que passa a nação-irmã da Venezuela. Venho de Minas Gerais, uma terra onde o valor mais alto é a liberdade. Nos repugna, aos brasileiros em geral, e aos mineiros em especial, assistirmos uma Nação, que nasceu conosco no alvorecer do século XIX, na luta pela independência – a Venezuela da Espanha, nós de Portugal –, estar agora envolvida em uma ditadura tão cruel, tão grave como aquela que ocorre”, afirmou Anastasia.
O senador criticou a situação de supressão dos direitos humanos no país e afirmou que hoje a injustiça impera na Venezuela com a perseguição de opositores ao regime de Nicolás Maduro. Para Anastasia, é preocupante e lamentável que o Brasil, por sua vez, não se manifeste formalmente contrário às práticas realizadas naquela nação.
“É ainda mais triste ver o Brasil, independente das nossas cláusulas formais de compromisso internacional, pela sua posição geográfica e geopolítica, quedar-se silente, inerte e omisso em relação ao seu Governo para apresentar no foro internacional o descalabro do que ocorre agora na Venezuela”, destacou.
Anastasia reafirmou sua solidariedade à Lilian, Mitzy, Rosa e ao povo venezuelano e garantiu que eles não ficarão sozinhos nessa luta. “Aqui no Brasil, não só no Senado, não só no Congresso, não só pelas forças sociais, mas o povo brasileiro, todos nós, estamos firmes ao lado dessa luta, a luta de todos pela liberdade”.
Sobreviventes
Lilian López contou que ocorreram 25 mil mortes por violência na Venezuela no ano passado. Existem grandes filas para comprar alimentos, há dificuldade para obtenção de remédios e a inflação já alcança 74%. Além disso, segundo ela, existem 89 presos políticos no país vizinho.
Mitzy Ledezma  lembrou que seu marido foi “simplesmente arrancado de seu posto de trabalho”, na prefeitura de Caracas, e está preso há três meses.
No depoimento mais contundente, Rosa Orozco informou que sua filha de 23 anos foi baleada  “à queima-roupa” por um integrante da Guarda Nacional em 19 de fevereiro de 2014, simplesmente por participar de uma manifestação com cartaz contra o governo, e morreu dois dias depois. Ela mostrou aos parlamentares fotos de sua filha baleada.
- Não podemos permitir que essas coisas continuem acontecendo. Temos uma milícia de coletivos, que são pessoas civis armadas, que vivem matando os que opinam diferente do governo. É uma violação à minha alma, a minha vida se foi com minha filha – disse Rosa, profundamente emocionada.

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