Por Cláudio Soares
O PMDB em Pernambuco não pode ter dois discursos. O deputado federal Jarbas Vasconcelos sempre disse, que, na condição de principal presentante da legenda no Estado, que não tolera o PT. Na teoria, sempre foi assim - na prática não. Jarbas sempre reclamou dos petistas. Aliás, na gestão de Jarbas como governador, mesmo tendo a presença do todo popular Lula nas viagens que o ex-presidente fazia ao Estado, o ex-governador sempre era vaiado. A intolerância era pra lá de radical.
Jarbas foi crítico ferrenho da administração de Dilma. Sempre fez pressão para que seu partido deixasse o Governo da petista. Jarbas é histórico opositor dos governos do PT e sempre disse acreditar no impeachment da presidenta. "As únicas pessoas que falam em golpe são Dilma e o PCdoB. O Supremo definiu o rito do afastamento, não é uma criação da oposição". "Ela, Dilma, praticou imoralidade", "o PT é uma associação criminosa" dizia Jarbas.
Pois bem, diante da narrativa, como Jarbas pode explicar o fato político novo que acontece em São José do Egito, Sertão do Estado? Lá, o PMDB acaba de fechar uma parceria com o PT. A leitura é essa: o ex-vereador Elias Borja, que sempre foi do PSB, tendo sido da cozinha do partido na época de Miguel Arraes - na ânsia e vaidade de ser candidato a majoritária e não tendo espaço no PSB, este hoje conduzido pelo ex-prefeito Evandro Valadares, resolveu se filiar ao PMDB e se lançar a vice de três pré-candidatos - I- Zé Marcos (PR), II- Evandro (PSB) e o atual prefeito, Romério do PT.
Zé Marcos desistiu de ir às urnas. O grupo de Evandro já bateu o martelo, a chapa estaria fechada com ex- vice-prefeito Ecleriston Ramos. Então, sobrou o PT para o sonhador Elias, que se articulou e foi anunciado como pré candidato a vice na chapa com Romério do PT. Dentro desta ótica, devemos verificar a distância entre o discurso e a prática. Vivemos uma incoerência constante entre o que falam os políticos e o que de fato praticam. É muito fácil apontar as falhas alheias - ser oposição é muito bom. Aparecer na televisão e plantar o moralismo sem o contraditório é algo que fere o bom debate.
Jarbas Vasconcelos, do PMDB, é diferenciado. Sua postura e seu discurso sempre enobrecem a política. A seriedade deste homem é sua marca. É dito por muitos que ainda existem políticos comprometidos com a ética. Jarbas é uma reserva moral da política brasileira - mas ele precisa alinhar seu discurso com a prática. O que acontece em São José do Egito é sério e isso abre um precedente que pode até estar acontecendo por todo Estado, e, consequentemente, enterrar o discurso de Jarbas Vasconcelos.
O que vai fazer o PMBD de Pernambuco em relação à coligação PT e PMDB na terra da poesia? PSB e PMDB são alinhados, e Raul Henry, o vice-governador, tamnbém é do PMDB. O PSB tem candidatura competitiva e com imensa chance de ganhar as eleições em São José do Egito. E agora, Jarbas?
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