O
presidente interino da Câmara, deputado Waldir Maranhão (PP-MA), terá o
sigilo bancário quebrado para investigar os "fortes indícios" de que
ele recebeu propina para atuar em prol dos negócios fraudulentos do
doleiro Fayed Traboulsi, que comandava um esquema de corrupção paralelo à
rede criada por Alberto Youssef no escândalo investigado pela Operação
Lava Jato.
O procedimento foi autorizado pelo ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF) Marco Aurélio Mello, com base numa delação premiada
mantida em sigilo na Corte, homologada em 2014, e que foi obtida no
âmbito da Operação Miqueias, que revelou um suposto esquema de fraude em
fundos de pensão municipais.
A delação aponta que Maranhão foi pago para atuar em diversas
prefeituras para interceder em favor de um esquema de fraude em
investimentos nos regimes de previdência de servidores públicos
municipais supostamente concebido por Fayed, cujo objetivo era vender
títulos podres a fundos de pensão e teria desviado mais de R$ 50
milhões.
Em uma das provas em poder da Procuradoria-Geral da União (PGR),
Maranhão aparece intermediando um negócio de R$ 6 milhões com uma
prefeitura do interior maranhense. As investigações apontam que, nesta
operação, o agora presidente interino da Câmara teria recebido 1% do
valor negociado, ou seja, R$ 60 mil.
Ao autorizar a quebra do sigilo do deputado, Marco Aurélio atende a
um pedido da PGR, que argumenta que a medida é "única forma de comprovar
o alegado repasse de recursos durante o período investigado". O
ministro negou, no entanto, a medida contra as contas da mulher do
parlamentar, Elizabeth Cardoso.
"A cônjuge do indiciado não é investigada, não tendo o Ministério
Público apresentado justificativa para a quebra do sigilo dos
respectivos dados bancários, mesmo porque não foi mencionada nas
declarações do colaborador", explica Marco Aurélio.
Absolutamente normal
Waldir Maranhão disse nesta segunda-feira que considera
"absolutamente normal" estar dentro de uma investigação a quebra de
sigilo bancário pelo Supremo Tribunal Federal. Em nota, Maranhão afirma
que está à disposição para prestar os esclarecimentos.
"O deputado está absolutamente tranquilo sobre a investigação. Quanto
mais se investigar, mais se concluirá pela absolvição", diz a mensagem
divulgada por sua assessoria.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o ministro autorizou a quebra de
sigilo após a Procuradoria-Geral da República apontar "fortes indícios"
de envolvimento do pepista em fraudes com institutos de previdência de
servidores públicos.
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