Folha de S.Paulo
Citado diversas vezes por Dilma Rousseff ao longo de seu depoimento nesta segunda-feira (29) no Senado, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que deu o ponta pé inicial ao processo de impeachment da petista, criticou a fala da adversária e afirmou que ela "mente".
"A presidente afastada segue mentindo contumazmente, visando a dar seguimento ao papel de personagens de documentário que resolveu exercer, após a certeza do seu impedimento, em curso pelo julgamento em andamento", afirmou no texto. Para o peemedebista, Dilma usa a estratégia de repetir uma mentira até que ela se torne verdade.
Cunha menciona que o argumento da presidente afastada de que foi vítima de "abuso de poder" por parte dele já foi analisado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e "não teve sucesso", o que "reafirma a lisura" do ato.
O deputado afastado avalizou o processo de impeachment em dezembro e, desde então, tem sido acusado de dar seguimento ao caso em retaliação ao PT, que se negou a votar a favor de Cunha no processo de cassação do qual o deputado é alvo.
"As tentativas de barganhas para que eu não abrisse o processo de impeachment partiram do governo dela e por mim não foram aceitas, como já declarei em diversas oportunidades, denunciando com nomes e detalhes essas tentativas. Isso sim foi chantagem".
Cunha destaca ainda o fato de o processo contra Dilma, que chega a sua etapa final, ter sido avalizado pela Câmara, com votos favoráveis de 367 deputados, e ter seguido seu curso no Senado.
O peemedebista reclamou ainda das afirmações da presidente sobre as chamadas "pautas bomba", negando que tenha dado seguimento a propostas prejudiciais ao governo. Também afirmou que ela mentiu mais uma vez ao dizer que a Câmara esteve paralisada no início de 2016.
"O Senado Federal, em um julgamento com amplo direito de defesa, vem confirmando que a presidente afastada cometeu crime de responsabilidade. Todos os atos por mim praticados estão sendo confirmados até o momento e, ao que parece, está sendo confirmado que decretos da presidente afastada foram editados sem autorização legislativa, o que configura o crime de responsabilidade".
O ex-presidente da Câmara, que renunciou ao mandato em 7 de julho, encerrou atacando ainda o que chamou de "figurino do golpe". Em sua fala, Dilma disse por diversas vezes não ter cometido crime de responsabilidade e ser vítima de um "golpe parlamentar". Para Cunha, esse termo "parece caber mais na história da eleição dela do que na história do impeachment".
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