quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Estados Unidos dizem que processo foi constitucional


Veja repercussão do impeachment de Dilma Rousseff
Afastamento definitivo de Dilma foi aprovado por 61 votos a 20 no Senado.
Michel Temer tomou posse em definitivo horas depois.
Do G1, em Brasília
Políticos da base aliada do agora presidente efetivado Michel Temer disseram nesta quarta-feira (31) que o impeachment de Dilma Rousseff, aprovado no Senado por 61 votos a 20, abre uma "nova chance para o país". Parlamentares aliados da presidente afastada criticaram o resultado do julgamento e repetiram a argumentação dos últimos dias de que Dilma não cometeu crime de responsabilidade.
A decisão também repercutiu entre políticos estrangeiros e outras personalidades; veja abaixo.
Aécio Neves(PSDB-MG), senador
"A questão essencial foi resolvida e o Brasil passa a ter uma nova chance [...] O que fica para o futuro é algo, ao meu ver, pedagógico. Todos aqueles que assumirem cargos públicos têm que ter a noção clara de que devem cumprir a lei em todos os seus instantes e todos seus detalhes. Quem não cumpre a lei recebe a pena estabelecida na Constituição, que para quem comete o crime de responsabilidade é o afastamento definitivo do cargo"
Gleisi Hoffmann (PT-PR), senadora
"Se afasta uma presidente que não cometeu crime de responsabilidade e canta-se o hino nacional. Rasga-se a Constituição e fala-se em nome dela. Eu lamento muito estar fazendo parte deste momento histórico triste para a nossa democracia."
Lindbergh Farias (PT-RJ), senador
“Hoje é um dia trágico. Afastar a presidente por três decretos, enquanto o Congresso todo está acusado. Não tenho duvidas em afirmar que no futuro vai ter uma outra sessão do Senado Federal anulando esse crime que aconteceu hoje.Eu encaro aquela vitoria que a presidente teve na inabilitação, porque tinha muita gente com peso na consciência. Porque sabia que não tinha crime de responsabilidade."
Fernando Collor (PTC-AL), senador
"Em 1992, a minha renúncia separou a questão da destituição e da inabilitação. Basta verificar na Resolução do Senado nº 101/92, resultante do processo: o impeachment ficou prejudicado em função da renúncia, mas não a inabilitação por oito anos. Ou seja, o Senado juntou as penalidades. Agora, em 2016, deu-se o inverso. A Constituição traz a questão conjugada, mas o Senado separou as penalidades. Dois pesos, duas medidas. Mais do que nunca, cabe repetir: o rito é o mesmo; o ritmo, o rigor e, agora, o remate, não."
José Anibal (PSDB-SP), senador
"Esse resultado foi motivado até pelo comportamento dos seus apoiadores nos últimos dias. Diante da eminente derrota eles se tornaram muito mais agressivos, desrespeitosos e mostrando uma profunda insatisfação com as leis."
José Eduardo Cardozo, advogado de Dilma e ex-ministro
"É um dia triste para a democracia brasileira quando uma presidente da República é afastada do seu cargo sem nenhum fundamento sem crime de responsabilidade. Realmente é um golpe parlamentar. Portanto, acho que é um dia triste, nós vamos ao Supremo Tribunal Federal."
Raimundo Lira (PMDB-PB), senador
“Eu sempre fui a favor de manter o texto da Constituição na sua inteireza, mas já que foi dividida eu votei a favor da cassação da presidente Dilma Rousseff e votei contra a supressão de seus direitos políticos porque eu não condeno a mesma pessoa duas vezes”.
Ronaldo Caiado (DEM-GO), senador
“Nós recorreremos no Supremo Tribunal Federal. É inadmissível o fatiamento da pena, a pena é única. Cassação com inabilitação. Esse é um grande acordo costurado e que vai trazer uma situação de beneficiar a todos que serão cassados a partir de agora. São cassados do cargo, mas podem, a partir de amanhã, manter suas funções de secretários, ministros de Estado, podendo ocupar função pública”.
José Agripino (DEM-RN), senador
“O discurso de Renan (defendendo manutenção do direito de Dilma a ocupar cargos públicos) é preciso ser interpretado com correção, a que é que ele se propôs com esse discurso e que nos deixou mal. Porque foi um posicionamento político ambíguo, uma cobra de duas cabeças. E, se o governo Temer insistir em manter um governo de cobra de duas cabeças, não vai ter unidade de pensamento e nem unidade da base de apoio permanentemente, como vai precisar para fazer as reformas.”
Acir Gurgacz (PDT-RO), senador
"Eu entendo que não há crime de responsabilidade, mas falta governabilidade para a presidente voltar a governar o nosso país. A volta da presidente talvez causasse um problema ainda maior para a economia brasileira, que já não está bem."
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deputado afastado e ex-presidente da Câmara
"Esperamos que o fim desse processo possa virar uma página negra na história deste país, com o afastamento também das nefastas práticas desse governo afastado, e desejamos sucesso ao novo governo que se instala a partir de hoje de forma definitiva."
Hélio Bicudo, jurista, autor de pedido de impeachment
"Acho que é mais do que o esperado. O inesperado foi conseguir introduzir nesse prisma do impeachment o fato de permitir que a Dilma exerça funções públicas. Isso desnatura completamente o instituto do impeachment."
Joaquim Barbosa, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF)
"Não acompanhei nada desse patético espetáculo que foi o ‘impeachment tabajara’ de Dilma Roussef. Não quis perder tempo."
John Kirby, porta-voz do governo dos EUA
"As instituições democráticas brasileiras agiram dentro de seu ordenamento constitucional. Foi uma decisão feita pelos brasileiros e obviamente respeitamos isso. Estamos confiantes de que continuaremos as fortes relações bilaterais entre os dois países como as duas maiores democracias e economias do hemisfério."

Evo Morales, presidente da Bolívia
"Estamos convocando nosso embaixador no Brasil para assumir as medidas aconselháveis para este momento”.
Presidência da Venezuela
"O governo da República Bolivariana da Venezuela, em resguardo da legalidade internacional e solidária com o povo do Brasil, decidiu retirar definitivamente seu embaixador da República Federativa do Brasil e congelar as relações políticas e diplomáticas com o governo surgido a partir deste golpe parlamentar."
Rafael Correa, presidente do Equador
"Destituíram Dilma. Uma apologia ao abuso e à traição. Retiraremos nosso representante da embaixada. Jamais reconheceremos estes..."
Ban Ki-moon, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU)
Nota divulgada diz que ele "envia seus melhores desejos ao presidente Temer no início de seu mandato" e confia que, sob a liderança de Temer, o Brasil e as Nações Unidas continuarão "sua estreita parceria". A nota diz ainda que "o secretário-geral agradece a presidente Rousseff por seu comprometimento e apoio ao trabalho das Nações Unidas durante seu mandato".

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