O PT e os aliados da presidente afastada Dilma Rousseff tentaram vender, após a defesa dela no Senado, a falsa versão de que o jogo endureceu e que o impeachment pode ser revertido. Historinha de trancoso, daquelas que servem para ninar o bebê a embalar sonhos para dormir o sono dos justos. Na verdade, Dilma não reverteu um só voto com o seu discurso arrogante e agressivo aos ouvidos dos senadores.
Um dos termômetros que os integrantes do Palácio do Planalto usam para tentar demonstrar que o afastamento é irreversível é o placar da votação da etapa anterior do processo de impeachment, que transformou Dilma em ré. Na ocasião, 59 senadores votaram a favor de ela ser levada a julgamento no plenário e 21 se posicionaram contra. Na votação final, programada para hoje, pelos cálculos dos aliados do presidente em exercício Michel Temer, os votos pró-impeachment chegarão a 60 ou 61.
Os articuladores políticos de Temer têm trabalhado para aumentar ainda mais a margem de votos favoráveis ao afastamento definitivo. Entre os alvos do Planalto para aumentar o placar estão os senadores Roberto Muniz (PP-BA), Otto Alencar (PSD-BA) e Elmano Férrer (PTB-PI). Na votação anterior, eles se posicionaram contra Dilma ser levada a julgamento final. O objetivo dos aliados do presidente em exercício é fazer com que esses parlamentares votem a favor do afastamento na etapa definitiva do processo de impeachment.
“O número mais provável é de 60 votos favoráveis ao relatório pelo afastamento definitivo contra 20. Caso o senador Renan Calheiros vote, ampliaremos esse placar para 61, mas alguns prognósticos apontam para a possibilidade de chegarmos a 62 e até 63 votos. E, para cada voto que acrescentar de um lado, debita do outro”, arrisca o senador Cássio Cunha Lima, líder do PSDB no Senado.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tem repetido que ainda não se decidiu se irá votar ou não. Na primeira etapa do processo, quando os senadores decidiram instalar o processo para investigar se a petista havia cometido crime de responsabilidade, ele não votou por ser presidente da Casa. Na fase seguinte, que passou a ser comandada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski, Renan poderia ter participado da votação que tornou Dilma ré, mas decidiu não votar por opção pessoal. Agora, nesta terceira etapa, o presidente do Senado também está apto a votar. Por Magno Martins
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