Folha de São Paulo
O ministro Marco Aurélio, do STF (Supremo Tribunal Federal), devolveu, hoje, o mandato do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e negou pedido de prisão feito pela PGR (Procuradoria-Geral da República).
Na decisão, Marco Aurélio informa que restabelece "a situação jurídico-parlamentar então detida, afastando as demais restrições implementadas".
Com isso, o ministro retirou as medidas cautelares que haviam sido impostas ao tucano, tais como restrição de contatar investigados ou proibição de deixar o país, assim como a retenção de seu passaporte.
"Provejo o agravo para afastar as medidas consubstanciadas na suspensão do exercício de funções parlamentares ou de qualquer outra função pública, na proibição de contatar outro investigado ou réu no processo e na de ausentar-se do país, devolvendo ao agravante a situação jurídica que lhe foi proporcionada pelos eleitores no sufrágio universal", escreveu o ministro.
Ao negar o pedido de prisão, Marco Aurélio afirmou que o voto do eleitor deve ser respeitado.
"A liminar de afastamento é, de regra, incabível, sobretudo se considerado o fato de o desempenho parlamentar estar vinculado a mandato que se exaure no tempo", disse ele.
"Em síntese, o afastamento do exercício do mandato implica esvaziamento irreparável e irreversível da representação democrática conferida pelo voto popular."
"Julgo prejudicado o agravo formalizado pelo Procurador-Geral da República em que veiculado o pedido de implemento da prisão preventiva do agravante", concluiu.
OPERAÇÃO PATMOS
Em 18 de maio, quando foi deflagrada a operação Patmos, o ministro Edson Fachin atendeu pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) e determinou o afastamento de Aécio das atividades parlamentares.
De acordo com os investigadores, o tucano usou o cargo para atuar em benefício da J&F, a holding da JBS, além de atuar, como presidente do PSDB, para ingerir em assuntos governamentais. Aécio nega as acusações.
A PGR também havia pedido sua prisão, mas Fachin negou.
Defesa e Procuradoria recorreram. A PGR pediu novamente a prisão e a defesa, o retorno ao cargo.
As condutas de Aécio estavam sendo apuradas na mesma investigação do presidente Michel Temer. Fachin dividiu o inquérito, e a parte relativa ao tucano foi sorteada para um novo relator, Marco Aurélio.
Os recursos estavam na pauta da primeira turma do STF – composta por cinco ministros – na semana passada, mas Aécio fez um novo pedido, para enviar o caso ao plenário, a fim de ser decidido pelos 11 magistrados.
Marco Aurélio retirou a ação da pauta da turma e disse que precisava deliberar sobre o caso. Não há prazo para ele tomar uma decisão.
Em 2 de junho a PGR denunciou Aécio Neves pelos crimes de corrupção passiva e obstrução da Justiça por fatos apontados por delatores da JBS.
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