Não surtiram nenhum efeito as medidas de precaução tomadas pela equipe precursora da presidente Dilma. Cabrobó promoveu, ontem, uma grande e ruidosa manifestação contra a Transposição, fechando por mais de três horas o tráfego na BR-428, que dá acesso ao Trecho 1 do projeto.
Melhor para Dilma teria sido cancelar a sua passagem pela obra, porque já havia estado em dois trechos antes sem nenhum protesto, no Ceará e Paraíba. Cabeça dura e mal assessorada, Dilma ficou apenas 15 minutos em solo pernambucano, tempo suficiente apenas para conhecer a estação elevatória, cumprimentar autoridades que a aguardavam e posar ao lado dos trabalhadores.
A sua agenda em Pernambuco foi atropelada do início até o fim. Primeiro, anunciaram uma inauguração de uma obra que está com apenas 60% do projeto de engenharia concluído. Depois, excluíram o prefeito da visita e em seguida voltaram atrás ao saber que ele não estaria organizando um protesto como chegou a ser noticiado.
A Dilma que esteve ontem em Pernambuco era a imagem de abatimento e tensão, tendo sido vaiada por um grupo ao acenar do carro que a conduzia até o helicóptero. Nunca se viu, portanto, uma visita tão desastrosa de um chefe de Estado quanto de ontem.
O mico poderia ter sido evitado se a assessoria a convencesse de que as imagens gravadas antes na Paraíba e Ceará serviriam para a finalidade eleitoral: a inserção no guia eleitoral. Mas a impressão que Dilma deixa é que o regresso a Pernambuco tinha outro alvo: mostrar que seu governo tem ação e obras na seara de Eduardo Campos, um dos seus adversários na disputa presidencial.
Não encontro outra justificativa para explicar tamanho tropeço numa agenda que, se bem organizada e planejada, tinha tudo para se transformar num tremendo sucesso se houvesse de fato algo concreto para entregar à população e não uma obra que anda a passos de tartaruga, quase parando.
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