terça-feira, 30 de setembro de 2014

Aécio Neves respira na reta final

Magno Martins
 
Na reta final, a eleição presidencial ganhou um fator inesperado: uma chance, embora remota, do tucano Aécio Neves ser o adversário de Marina Silva no segundo turno, deixando de fora Marina Silva, do PSB. O comando da campanha de Dilma já trabalha com este cenário depois de cruzar números de várias pesquisas.
De acordo com levantamentos diários de um instituto de pesquisa nacional, Marina caiu drasticamente em São Paulo, nas cidades grandes e médias do País. Com os números, a presidente Dilma teria 38%, contra 23% de Marina e 19% de Aécio. Essa distância, de apenas quatro pontos, configuraria uma situação de empate técnico entre o tucano e a candidata socialista.
Outro dado relevante foi a simulação de segundo turno. Dilma venceria Marina Silva por 45% a 40%. E a distância para Aécio seria praticamente a mesma: 46% a 39%. Isso mostra que deu certo a estratégia tucana de enfatizar, nos programas eleitorais, que Aécio seria o 'voto útil para derrotar o PT'.
Até então, Marina vinha se beneficiando de uma debandada de eleitores tucanos que enxergavam nela a possibilidade mais concreta de derrotar o PT. Eleitores que preferiam Aécio, mas a viam como uma espécie de 'plano B', com maiores perspectivas de vitória.
Com os novos dados, que devem ser confirmados já nas próximas pesquisas, Aécio deverá partir para o embate direto com Marina, para, assim, passar para o segundo turno.
Como a candidata socialista vem em queda, sem aparentemente apontar qualquer sinal de reação, nos próximos dias o tucano pode ultrapassá-la cabalando os eleitores ainda indecisos. Marina perdeu substância eleitoral em todas as regiões do País.
O que pode tirá-la da disputa é a queda nos grandes colégios eleitorais, como Minas, São Paulo e Rio. Se Aécio ultrapassar Marina, a eleição volta à velha polarização do PT contra o PSDB, o que, naturalmente, beneficia Dilma.
Para Dilma, aliás, o melhor adversário na disputa final seria Aécio por ser o candidato do neoliberalismo, da herança que o PT herdou e pela vantagem na comparação da era PT com a era tucana do ponto de vista de alcance social. Com Marina, representante da chamada terceira via, Dilma fica diante do imponderável.
Até porque, além de ser uma adversária mais perigosa, porque tem uma história de vida muito semelhante a de Lula, identificada com a pobreza, Marina, que não teve tempo de propaganda eleitoral no primeiro turno, terá igual espaço na TV e no rádio com Dilma.
Mais do que isso, Marina é mulher e tem capacidade de agregar muito mais. Mas um Aécio renascido das cinzas e com fôlego renovado por novas denúncias de corrupção contra o Governo pode vir a ser um adversário mais perigoso, na avaliação do PT.
PESQUISAS– Até as eleições do próximo domingo deve sair um grande número de pesquisas trazendo o cenário da sucessão estadual. Ibope, Datafolha, Ipespe e Nassau já estão em campo para divulgação até sexta-feira, mas devem sair sondagens mais atualizadas no sábado, véspera do pleito, e no próprio domingo. A legislação permite divulgação de pesquisa no dia da eleição.

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