Carlos Chagas
É regra milenar: com as ditaduras, não é a imoralidade de um ato que aumenta, mas a oportunidade de praticá-lo. O diabo é que, no Brasil da democracia, a oportunidade também aumenta. No nosso caso, só a liberdade de imprensa ilumina os malfeitos que na ditadura permaneciam na obscuridade. Duas conclusões emergem dessa evidência: a liberdade de imprensa torna-se essencial e a corrupção crescerá diante de cada ameaça. Ao mesmo tempo, fica claro ser a corrupção endêmica, tanto na democracia quanto na ditadura.
Estamos diante de duplo obstáculo: a presidente Dilma e o PT insistem em ressuscitar a regulação da mídia assim que iniciados os trabalhos do futuro Congresso. Mesmo jurando não se tratar de controle do conteúdo dos meios de comunicação, os detentores do poder lançam-se com tamanha avidez a esse objetivo que boa coisa não parecem pretender.
Em paralelo, diante da que parece a mãe dos escândalos nacionais, a roubalheira na Petrobras, continuam os filigranas jurídicos a impedir a divulgação do nome dos ladrões, tanto parlamentares quanto funcionários da estatal e dirigentes das empreiteiras envolvidas.
Serviço público inestimável prestaria o Poder Judiciário caso liberasse logo para a opinião pública a lista dos responsáveis já identificados nas delações premiadas, no mínimo para se defenderem, mas, também, para responderem por seus atos. O risco é de concluirmos que nas democracias torna-se maior a oportunidade da prática de atos imorais…
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