Kennedy Alencar
Investigadores avaliam se há indício de crime contra ex-tesoureiro Edinho Silva
A delação premiada do presidente da UTC, Ricardo Pessoa, pode resultar em inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal) contra a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva.
Motivo: a colaboração premiada de Pessoa derruba o argumento que foi utilizado pelo Ministério Público para não investigar a presidente quando o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, analisou as delações do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Quando Janot pediu ao STF no início de março a abertura de inquéritos em relação a políticos com foro privilegiado, ele sustentou que os fatos narrados sobre a presidente tinham ligação com o mandato anterior. Portanto, concluiu que não poderiam ser utilizados para sustentar uma investigação no atual mandato. Mas a delação premiada de Ricardo Pessoa invalida esse argumento.
Segundo Pessoa, ele doou R$ 7,5 milhões à campanha de 2014 de Dilma a pedido do então tesoureiro, o hoje ministro Edinho Silva. Segundo Pessoa, Edinho Silva teria pedido a doação alegando que a UTC tinha contratos com a Petrobras e deveria contribuir. Pessoa disse que se sentiu obrigado a dar para não atrapalhar seus negócios. Edinho Silva nega.
O Ministério Público está analisando a conduta de Edinho Silva, para avaliar se há indício de crime. Se houver, poderá solicitar a abertura de inquérito. Se não houver, ocorrerá o pedido de arquivamento.
Em relação à presidente Dilma, haverá a mesma avaliação, pois o ato foi cometido na campanha à reeleição. Logo, tem ligação com o atual mandato. O Ministério Público estudará se há alguma evidência que justifique um inquérito ou não. Em tese, portanto, a delação premiada de Ricardo Pessoa pode levar à abertura de inquéritos contra a presidente e o seu tesoureiro de 2014.
Os investigadores também analisam trechos da delação de Pessoa que apontam entrega de recursos de caixa 2 para João Vaccari, ex-tesoureiro do PT preso em Curitiba. Apuram se houve alguma conexão desses recursos com a campanha do ano passado. A presidente Dilma nega ter recebido recursos de caixa 2 nas campanhas de 2014 e de 2010.
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