Análise Datafolha
Alessando Janoni - Diretor de Pesquisas do Data Folha
O paradoxo do legado petista começou a mostrar sua face nas manifestações de junho de 2013.
Nascido nas ruas, alçado a partido de preferência de um terço dos brasileiros, com o presidente da República mais popular da história, o PT encolheu junto com a crise de representação que ajudou a deflagrar.
Os programas de inclusão que provocaram mudanças no cenário social acabaram por gerar o ambiente crítico e fértil para o questionamento das práticas políticas que, em última análise, viabilizaram suas implantações.
De um lado, como mostram os gráficos abaixo, a ascensão de excluídos e das classes mais baixas a um nível intermediário da classe média, não só pelo acesso ao consumo, mas sobretudo pela educação e o ingresso no mercado formal de trabalho.
No extremo oposto, a desconfiança dos mais ricos que, apesar de se enxergarem patrocinadores do processo, não se julgavam beneficiados, mas lesados por desvios de recursos e pela corrupção.
Por mais que a corrupção figure atualmente como "top of mind" de Brasil, nenhuma outra área demonstra maior peso no humor da opinião pública do que a economia.
O "Escândalo do Mensalão", por exemplo, não impediu a reeleição tranquila de Lula em 2006 e a vitória de sua ministra em 2010.
Mas bastou Dilma frustrar a expectativa de seus eleitores ao lançar incertezas sobre a continuidade do processo de diminuição das desigualdades, compromisso firmado durante a campanha, para que a maioria aderisse ao contingente de refratários à petista em um movimento histórico de reprovação a um presidente da República.
As curvas de popularidade de Lula e da impopularidade atual de Dilma são imagens invertidas, projetadas talvez pelos significados controversos do 13 que os inspira.
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