Atacado por um grupo de manifestantes do PT quando desembarcou no Recife, terça-feira passada, o líder da oposição na Câmara dos Deputados, Mendonça Filho, sentiu na prática como seu desempenho efetivo e competente no processo de discussão e votação do impeachment da presidente Dilma, no plenário da Câmara dos Deputados, contrariou e foi decisivo para a derrocada do Governo.
Mendonça foi brilhante, firme e corajoso. Em nenhum momento titubeou. Com posições claras, discernimento e proposições que ajudaram a acelerar a votação, desde a instalação da comissão especial até à chegada da matéria em plenário, o deputado ganhou a confiança das principais lideranças nacionais, o respeito e o reconhecimento da mídia nacional.
Para jornalistas tarimbados que cobrem o Congresso, o desempenho de Mendonça não surpreendeu, porque ele, como líder do Democrata, se destacou na mais combatível voz de oposição ao Governo. Depois de passar oito anos ausente do Congresso, sendo vice-governador de Jarbas em dois mandatos e governador por nove meses, Mendonça mostrou que sua verdadeira vocação para a vida pública está focada no parlamento.
É um deputado que tem tesão pelo que faz. Presente, estudioso de matérias, atencioso às discussões mais importantes da Casa, competente em levantar questões que embaraçam o Governo, Mendonça não está entre as 100 cabeças mais influentes e privilegiadas do Congresso por acaso.
Até o PT, que combate tanto, tem por ele admiração e estima. Um dos episódios que ainda repercute até hoje foi o enfrentamento de Mendonça a Renan Calheiros, presidente do Congresso, em novembro de 2014. Contrariado com a negativa de um aparte, Mendonça bradou: “Vossa Excelência havia me concedido a palavra. Eu tenho preferência, como líder. Renan subiu o timbre: “Vossa Excelência pode tudo aqui, só não pode ficar aí, da tribuna, gritando.”
Mendonça dobrou o tom: “Posso! Vossa Excelência está envergonhando o Congresso. Vossa Excelência é uma vergonha para essa Casa. É uma vergonha! É uma vergonha para esse Parlamento! Vossa Excelência venha me tirar daqui, da tribuna! Vossa Excelência está pensando que vai mandar em mim da forma…”
Súbito, Renan cortou o microfone de Mendonça, admoestando-o: “Vossa Excelência não pode ficar aí, gritando. Vossa Excelência pode tudo. A democracia que Vossa Excelência quer e reivindica pode permitir isso. Mas a democracia do Brasil não permite, não. Cale-se aí! Cale-se aí!” Renan devolveu a palavra ao governista Cláudio Puty.
Transtornado, Mendonça marchou em direção à poltrona do presidente do Congresso. Interpelou Renan cara a cara. Dedo e língua em riste, abandonou o 'Vossa Excelência'. Bradou, sem formalismos: “Me respeite! Me respeite! Me respeite! Me respeite! Não vai mandar calar!” Em pé, no plenário, a bancada oposicionista solidarizou-se com Mendonça. Os deputados gritavam: “Não vai calar ninguém! Não vai calar ninguém!”
Mendonça, portanto, foi um gigante e é bom de briga.
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