domingo, 24 de abril de 2016

O PT a caminho da oposição: um partido perdido


Bandeira do PT em manifestação contra impeachment em Brasília(Paulo Whitaker/Reuters)
Com as chances cada vez maiores de se ver sem a força da máquina pública pela primeira vez em 14 anos, partido ventila tese golpista de novas eleições
VEJA.com - Felipe Frazão
Depois de quase catorze anos no poder, o PT está prestes a voltar à oposição. E já dá mostras do que pretende. Com chances cada vez menores de barrar o processo de impeachment de Dilma Rousseff no Senado, o partido se vê às voltas com manobras para deslegitimar um eventual governo Michel Temer - com destaque para o golpe das novas eleições, esta sim uma alternativa inconstitucional. Num gesto de desespero, membros do partido defendem uma Proposta de Emenda Constitucional que permitiria antecipar o pleito de 2018. Ou ainda a dupla renúncia de Dilma e Temer. Duas ideias sem respaldo na realidade: a legenda que não conseguiu 172 votos para barrar o impeachment na Câmara não conseguiria os votos de 3/5 dos deputados necessários à aprovação de uma PEC. Tampouco é factível imaginar que Temer aceitasse um acordo desse tipo com o PT.
Fustigado pelo escândalo do petrolão, o partido pode desembarcar do Palácio do Planalto dentro de um mês, conforme o calendário do Senado. O PT tentará barrar o processo de impeachment com votos de aliados no Senado e deve provocar o Supremo Tribunal Federal a se manifestar sobre o mérito das acusações de crime de responsabilidade contra Dilma. Mas há outras iniciativas em gestação. Desde a última sexta-feira, quando começou a série de debates na Câmara que culminou nos 367 votos favoráveis ao afastamento de Dilma, outras teses foram lançadas. Nenhuma delas pareceu unir o partido. Por iniciativa individual ou coletiva, parlamentares, representantes do governo, o comando nacional do PT e as bancadas na Câmara e no Senado adotaram posturas por vezes contraditórias.

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