Dívida com servidores públicos, falta de remédios nos postos de saúde, convênios suspensos e queda na arrecadação. A lista de problemas que os novos prefeitos que tomaram posse ontem e assumem hoje é extensa e para a maior parte deles não existe solução viável em curto prazo. É o cenário mais sombrio possível, um cenário de caos, segundo o presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski.
Na avaliação dele, os prefeitos precisam reduzir o máximo possível de gastos para poder atravessar a crise e recomenda que isso comece pela extinção de secretarias, de empresas de segundo escalão e de cardos comissionados. Existem no País, segundo Ziulkoski, 46 mil secretários municipais em 5,5 mil municípios, o que funcionaria muito bem com a metade. Isso implica, entretanto, em romper com o modelo tradicional.
O limite de gastos imposto pela União, com a aprovação da PEC do Teto, chega para complicar ainda mais a vida dos novos gestores, mas o horizonte de dificuldades vem do cenário externo, com o problema econômico que não se resolve e a questão política, que continua sendo um entrave, já que a falta de continuidade na gestão pública federal faz com que as interlocuções fiquem prejudicadas.
No cenário interno, dívidas que quase todos os prefeitos vão deixar para seus sucessores e a falta de perspectiva na melhora da arrecadação. Anúncios de cortes e reajustes orçamentários, apesar de ter o objetivo de ganhar a confiança do mercado internacional, representam uma enorme dor de cabeça para os prefeitos.
No plano nacional, o cenário delicado de incertezas. Não queria estar na pele de prefeitos que vão herdar o poder de adversários. Vão encontrar verdadeiras massas falidas. A transição, obrigatória por lei, é uma grande farsa. Ninguém passa informações reais. É um jogo de embromação e enrolação.
Lembro que, há quatro anos, percorri vários municípios no Estado em que os derrotados levaram computadores, surrupiaram documentos, móveis e imóveis. Lembro que um prefeito encontrou o gabinete destroçado, sem nem uma cadeira para sentar e um birô para despachar.
Parece que estou vendo o mesmo filme reprisado. Mas, além disso, os municípios em geral estão na UTI porque há muita roubalheira, irresponsabilidade e má gestão. Dinheiro existe, o que não existe é seriedade. O público em geral acaba se confundindo com o privado. Que bom seria se eu estivesse enganado, mas não quero com isso passar a impressão de que sou adepto da generalização. Toda regra tem as suas exceções.
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