Carlos Chagas
Vamos que, apenas por exercício especulativo, o Tribunal Superior Eleitoral decida mesmo considerar nulo o resultado do segundo turno das eleições presidenciais de 2014. O mandato de Dilma já foi cassado, restaria o de Michel Temer. Ainda outro dia ele se declarou pronto para acatar a decisão. Pela Constituição, o TSE convocaria novas eleições, desde o primeiro dia deste ano realizadas pelo Congresso. Uma segunda hipótese seria considerar eleito o segundo colocado naquele ano: Aécio Neves.
Havendo nova eleição, dificilmente o Congresso deixaria de indicar o novo presidente. É provável que seja Rodrigo Maia, se conseguir eleger-se para a presidência da Câmara. O diabo é se ele fizer parte da lista da Odbrecht. Ou qualquer outro deputado ou senador. Nessa hipótese, se não for obrigatória a eleição de um parlamentar, Fernando Henrique Cardoso e Nelson Jobim serão candidatos. Se for, haverá que buscar um deputado ou um senador de ficha limpa. Claro que será encontrado alguém.
Mas quem? O PMDB é o maior partido nacional, capaz de selecionar um de seus líderes. Não vai ser fácil, porém, porque todo o seu selecionado joga no time da Odbrecht. Senão, na Camargo Corrêa ou outra empreiteira qualquer. O perigo é que no PSDB, os riscos são os mesmos. Aécio Neves, Geraldo Alckmin, José Serra? Muito possível que também façam parte das listas. Haverá que buscar um tucano sem mácula, mas onde?
O nó vai sendo dado, sem que ninguém se arrisque a sugerir um hipotético candidato a governar durante 2017 e 2018. Por conta disso há quem pretenda deixar as coisas como estão, permanecendo Michel Temer até o final do mandato.
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