Por magno martins
Na tentativa de se salvar, a presidente Dilma recorreu aos métodos mais condenados e abominados pelo seu partido, o PT, quando oposição: o aliciamento de parlamentares contra o impeachment pela oferta de cargos. Isso ficou muito claro neste último esforço concentrado de fim de semana pela sua tropa de choque, para manter o PMDB na base.
Ao embarcar, ontem, em Fortaleza, rumo a Brasília, o líder do Governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães, acusou o vice-presidente Michel Temer de ser o comandante da tropa do golpe referindo-se ao PMDB, que deve desembarcar hoje do Governo. Arrogante, o petista chegou a dizer que custava a acreditar que o PMDB viesse a recusar tantos cargos.
Falou em mais de 500 cargos, que estavam na alçada do partido e que não iriam ser desprezados por aqueles sedentos de poder. O tom de Guimarães, esboçado na véspera de uma decisão importante da vida nacional – o posicionamento do PMDB frente à crise e ao Governo – é muito parecido com o da tropa de choque do ex-presidente Fernando Collor.
Tão logo percebeu que sua cabeça estava a prêmio, Collor ofereceu ouro e mirra. Mas, àquela altura, com os caras pintadas já nas ruas, como se observa neste momento, 24 anos depois, não havia milagre nenhum capaz de salvar o caçador de marajás. Qualquer semelhança com Dilma não será mera coincidência.
Fisiológico na sua essência, o PMDB sabe que melhor do que salvar Dilma, com quem convive entre tapas e beijos, é entregar o poder a um aliado de confiança: Michel Temer. O que Dilma teria para oferecer que Temer, em vias de virar presidente, não possa também empenhar a palavra?
Eis a teoria do pragmatismo que levará à derrocada de Dilma e, consequentemente, do PT. Se sem o PMDB os partidos de oposição já contavam com número suficiente para abrir, dar prosseguimento e aprovar o impeachment, com a legenda peemedebista engrossado o coro, será, certamente, muito mais fácil.
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