Estadão Conteúdo – Na falta de “eleição geral agora, que seria o ideal para zerar a política do Brasil”, o deputado Benito Gama (PTB-BA) vai votar a favor do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Integrante da comissão que avalia o pedido, Gama foi, em 1992, o presidente da CPI que investigou o presidente Fernando Collor – depois alvo de impeachment e hoje senador recém-saído do PTB, do qual o deputado é vice-presidente.
“A presidente Dilma e o PT conseguiram envolver o País numa tempestade perfeita, como nunca se viu”, disse o deputado. “Sou a favor de que ela deixe o comando do País, para realmente buscarmos dias melhores.”
Gama voltou à Câmara na eleição de 2014, com 71 mil votos, e receita de R$ 5,9 milhões declarada ao TSE. É um dos 40 deputados da comissão que integra a lista de doações de empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato – “doações perfeitamente legais”, disse, em defesa dos R$ 211 mil relacionados.
A Procuradoria Regional Eleitoral na Bahia (PRE-BA) denunciou Gama por abuso de poder econômico e irregularidades na campanha – processo que tramita no TRE baiano. “Minhas contas foram aprovadas por 6 a 0, e os erros são formais”, afirmou o deputado.
Gama não acredita que o governo conseguirá conquistar os votos necessários para barrar o impedimento de Dilma “Faltam só duas semanas para a votação final. É um tempo muito curto para um convencimento, diante da situação crítica que estamos atravessando. Se em 12 meses o governo não conseguiu convencer alguém, só agravar, não seria agora que iria conseguir votos suficientes”, disse.
O deputado refuta aqueles que dizem não haver razões para o impeachment, “A Petrobras, o BNDES, a máquina administrativa estão totalmente dilacerados ética e moralmente. Se isso não serve para o impedimento, só se for um tiro à queima-roupa da presidente em alguém. Em democracias mais modernas há o voto de desconfiança, no parlamentarismo, como o voto desconstituinte nas pessoas que foram eleitas. No Brasil há o impeachment, com sobejas razões, políticas sim, para se poder fazer realmente o repensar do Brasil”.
Ao comparar os processos de Collor e Dilma, Gama disse que o primeiro começou com entrevista de Pedro Collor, irmão do então presidente. “Por ser irmão, deixou mais claro o que ocorria dentro do Palácio. Abriu-se o processo – e depois algumas coisas foram se comprovando. O que há hoje não é a família de sangue, mas a família política do partido, o PT”, afirmou.
“O ex-presidente e o ex-tesoureiros estão envolvidos na Lava Jato. A diferença é que a opinião pública está muito mais forte contra a presidente Dilma do que esteve contra Collor”.
O deputado avaliou que as manifestações a favor da presidente “são movimentos articulados com o governo, como sindicatos, entidades e movimentos sociais alinhados ao governo. Não vejo como mobilização nacional, e sim como máquina do PT”.
Ao falar sobre a hipótese do vice Michel Temer assumir a Presidência, Gama disse que o peemedebista “tem um projeto de País, uma agenda nacional que é palatável, com quatro ou cinco pontos em que o Congresso tem obrigação de apoiá-lo”. Quem deu 342 votos para o impeachment dará os 308 necessários para aprovar emendas”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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