O Globo
Com o marido Paulo Bernardo alvo da Operação Lava-Jato pelo envolvimento em um esquema de desvio de R$100 milhões em operações de crédito consignado, a senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) chamou na noite desta terça-feira de “hipócritas” os senadores e membros do governo interino Michel Temer que enfrentam denúncias de corrupção e querem cassar uma “presidente honesta”.
Sem menção a situação do marido e de colegas de partido presos, a senadora paranaense citou Drummond ao falar de delações da Odebrecht que citam repasses milionários para o presidente interino Michel Temer e dois de seus ministros.
“E agora José, que a casa caiu?”, discursou Gleisi, dizendo que os acusadores de Dilma não tem moral para julgar a presidente da República.
E repetiu frases que o ex-presidente Tancredo Neves teria dito em reação ao presidente do Senado em 1964, Auro Moura Andrade, ao declarar vaga a Presidência, enquanto João Goulart ainda estava em território nacional
“Hipócritas, hipócritas, hipócritas!”, disse Gleisi, encerrando sua fala e provocando reação de alguns senadores.
“Ah que coisa feia!! Vá para o inferno!”, reagiu o senador José Medeiros (PSD-MT).
VIANA DEFENDE GOVERNOS PETISTAS
Em sua fala na tribuna, o vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), rejeitou a tese de que o fato de o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) estar presidindo a sessão do impeachment, no Senado, significa que o STF está avalizando o processo, que afasta a tese do golpe. E fez uma grande defesa dos governos de Lula e Dilma Rousseff, que teria tirado o Brasil do mapa da fome.
“Não! Nosso Supremo não assina embaixo de golpe. Quem está dando o golpe é o Parlamento. É Eduardo Cunha. Vamos até o fim contra essa marcha da insensatez”, disse Viana.
E fez o discurso de ataque as elites, que não aceita o governo de Lula em favor dos pobres. “Tem gente que não tolera ver pobre andando de avião, não tolera filho de pobre cursando uma faculdade”, disse Viana, ressaltando que o mandato de Dilma enfrenta problemas por causa da intolerância da antiga oposição
“Temos dezenas de senadores que foram ministros em nosso governo. Eu mudo meu voto se um dos ministros me disser que viram uma mancha ou algum fato ilícito da presidente Dilma. Muitos dos que hoje a estão condenando, estavam lá buscando benefícios”, reclamou Viana, elogiando os senadores Kátia Abreu (PMDB-TO) e Armando Monteiro (PTB-PE), ex-ministros, que mantiveram o voto contra o impeachment.
LINDBERGH FALA EM GOLPE DE CLASSE
Líder da Minoria, o senador Lindbergh Faria (PT-RJ), seguiu o roteiro de suas falas na comissão especial, quando condenou o “golpe de classe, das elites dominantes, da burguesia brasileira que quer tirar direitos dos Brasileiros”. Disse que decidiu subir à tribuna para se dirigir ao povo brasileiro, porque se fosse para falar só para os senadores, não subiria, porque o que está acontecendo hoje no Senado “é uma fraude, uma farsa”.
Criticou a “aventura” das elites em apoiar o “golpe”, mas disse que Dilma Rousseff terá garantido seu lugar na História. “Quanto a presidente Dilma, eu estou tranquilo. Se esse golpe se confirmar, ela vai conquistar seu espaço na História, no panteão ao lado de Getúlio e João Goulart”, disse.
E fez um apelo aos senadores para que não aprovassem o impeachment, pois se isso acontecer, Temer não poderá ser investigado por fatos anteriores ao mandato.
“Os senhores sabem que Michel Temer não sustenta esse governo até 2018. Uma delação de Eduardo Cunha enterra esse governo. Sabem que não estamos votando aqui só o afastamento da presidenta Dilma. O que estamos votando aqui é se Michel Temer será investigado ou não. Só pode ser investigado por fatos referentes ao mandato, se ele vira presidente, não pode ser investigado pelos 10 milhões da Odebrescht”, apelou Lindbergh.
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