terça-feira, 9 de agosto de 2016

Discursos no Senado indicam maioria pró-impeachment


Próxima da metade, a fase de discursos no plenário do Senado na tarde desta terça-feira (9) mostra um cenário majoritariamente pró-impeachment. Ao final da sessão, haverá uma decisão por tornar ou não a presidente afastada, Dilma Rousseff, ré no processo que julga seu afastamento da Presidência da República.
Dos 22 senadores que já usaram o direito de discursar na tribuna –cada um teve direito a 10 minutos–, apenas sete defenderam que a petista retorne à Presidência, enquanto os 15 demais se manifestaram contra Dilma.
O Palácio do Planalto, sob comando do presidente interino Michel Temer (PMDB), espera obter cerca de 60 votos nessa fase do processo. Aliados de Dilma acreditam que essa contabilidade é viável e admitem que, caso esse cenário se concretize, será difícil mudar posicionamentos para a última fase, o julgamento de fato.
Para acelerar o ritmo de votação, alguns partidos convenceram integrantes a desistirem de seus discursos ou a falar por menos tempo. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se envolveu diretamente nessas negociações, com a intenção de terminar a votação da chamada pronúncia ainda nesta terça.
Em nome de seis dos 11 senadores do PSDB, o presidente da legenda, Aécio Neves (MG), reiterou o discurso a favor da saída definitiva de Dilma do cargo, ressaltando que o relatório do correligionário Antônio Anastasia (MG) deixou clara a prática dos crimes pelos quais a petista é acusada –as chamadas pedaladas fiscais e a edição de créditos suplementares.
Apesar da tentativa de acelerar a sessão, nem todos os tucanos aceitaram abrir mão de seus apartes, caso de Lúcia Vânia (GO), que também se posicionou a favor do impeachment.
No DEM, a intenção é que somente o presidente, José Agripino (RN), e o líder no Senado, Ronaldo Caiado (GO), falem –já subiram à tribuna e destacaram posicionamento pró-afastamento de Dilma. Outros dois integrantes do partido não se manifestariam.
No PMDB, partido do presidente em exercício, Michel Temer, também há um movimento para menos parlamentares discursarem. Antes de anunciar o segundo intervalo, dessa vez por meia hora, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, anunciou que Eunício Oliveira (CE), desistiu de sua fala. O líder do PMDB, inclusive, afirma que outros oito senadores irão abrir mão de discursar.
Até o senador Fernando Collor (PTC-AL), que não costuma deixar suas opiniões claras nos discursos, insinuou que votará pelo impedimento. "Quando forças se removem, esperanças se concretizam. Mas antes é preciso virar essa página", afirmou o final de sua fala.
Também se posicionaram a favor do impeachment: José Medeiros (PSD-MT), Gladson Cameli (PP-AC), Wellington Fagundes (PR-MT), Lúcia Vânia (PSB-ES), Cidinho Santos (PR-MT), Hélio José (PMDB-DF), Simone Tebet (PMDB-MS), Cristovam Buarque (PPS-DF), Ana Amélia (PP-ES), Reguffe (sem partido-DF) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Já a favor de Dilma, contra seu afastamento definitivo do cargo, se colocaram Paulo Paim (PT-RS), Fátima Bezerra (PT-RN), João Capiberibe (PSB-AP), Kátia Abreu (PMDB-TO), Paulo Rocha (PT-PA), Telmário Mota (PDT-RR) e Vanessa Grazziotin (PcdoB-AM).
Segundo Vanessa, última a falar antes do intervalo, o relatório pelo impeachment é "fraudulento". "Faz mil e um malabarismos, mas não consegue responder o mais simples". Ela criticou as manobras para acelerar a votação. "Estão abrindo mão de seus pronunciamentos porque não tem o q dizer. Só sabem falar do conjunto da obra".
Ao retornar desse segundo intervalo, há pelo menos mais 20 senadores inscritos para falar. Após a fase de discursos, acusação e defesa tem, cada um, meia hora para colocar seus pontos de vista. Segue-se ao pronunciamento das partes a fase de encaminhamento, última antes da votação: dois oradores da defesa e dois da acusação poderão usar a palavra por cinco minutos, cada. Só então o painel será aberto a voto. 

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