A ex-ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB-TO) - Ailton Freitas - Agência O Globo
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A ex-ministra da Agricultura Kátia Abreu (PMDB-TO) confessou, na tribuna do Senado, que cedeu a pressões políticas , inclusive do seu partido, para nomear Daniel Gonçalves Filho, um “bandido”, “marginal” como superintendente de Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Paraná. No discurso da tribuna Kátia não citou o nome dos dois deputados paranaenses que a pressionaram, mas em entrevista ao Expresso Época, disse que foram os deputados Osmar Serraglio , hoje ministro da Justiça, e Sérgio Souza, os dois do PMDB do Paraná. Por pressão dos dois, ela nomeou e só demitiou Daniel do cargo sete meses depois. O ex-superintendente foi preso na Operação Carne Fraca e aparece em gravações de conversas em que Serraglio o chama de “chefe”.
No discurso em plenário, Kátia disse que não queria fazer segredos. E contou o processo de nomeação de um indicado que respondia a vários processos.
— Esse cidadão que foi nomeado tinha processos administrativos no Ministério. E eu nunca vi, em todo o período em que lá estive, e nunca tive notícias de uma pressão tão forte para não tirar esse bandido de lá. E eu tenho que ser sincera, porque são dois deputados do meu partido. Mas insistiram para que a lei não fosse cumprida ao ponto de eu ter que ligar para a presidente Dilma e dizer-lhe da minha decisão de demitir e que as consequências políticas eu ia arcar. Ela, imediatamente, disse: "Demita já! Faça o que tem que ser feito." Mas foram dias de pressão no Ministério, buscando processo para defender esse marginal — confessou Kátia Abreu.
Ela contou que , como ministra da Agricultura, do PMDB do Senado, as nomeações para as superintendências ela convidou os colegas colegas senadores para indicarem nos seus Estados, onde havia Senador do PMDB. E assim foi no Pará, no Tocantins e no Paraná. No caso do Paraná, ela disse que o senador Roberto Requião (PMDB-PR) abriu mão de indicar quem a sua bancada queria indicar.
— E eu disse ao Senador Requião: se Vossa Excelência não avalizar, eu não vou nomear. E ele, pressionado e já com o pote cheio de pressão, pediu que os Deputados fizessem o que quisessem — disse Kátia Abreu.
Ela , entretanto, defendeu as indicações políticas, alegando que não são todas as indicações políticas que são irresponsáveis.
— Eu tive grandes indicações políticas, enquanto lá estive, de estados do Brasil que procuraram o melhor, que procuraram técnico, que procuraram um perfil que tem espírito público. Mas, infelizmente, estamos assistindo que não foi isso que ocorreu lá no Estado de Goiás e, principalmente, no Estado do Paraná, o grande Estado do Paraná que nos orgulha tanto — defendeu-se.
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