quarta-feira, 3 de maio de 2017

Santana: "Coligações eram verdadeiros leilões"


Marqueteiro do PT detalha ao TSE pedido para campanha de aliado em El Salvador
O Globo
No depoimento que prestou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer, o marqueiteiro João Santana afirmou que há “verdadeiros leilões” financeiros nas coligações eleitorais, na venda do tempo de TV dos partidos para os candidatos. As informações são da GloboNews. Santana ainda relatou que, em 2009, o então presidente Lula o orientou a falar com Emílio Odebrecht para obter US$ 1 milhão, que serviriam para bancar a campanha em El Salvador de um partido alinhado ao PT, a FMNL.
Ao explicar o que seria o leilão das campanhas no Brasil, Santana disse: “Quando falo leilão, é financeiro, só que, como a moeda na política não é só financeira, essa é mais problemática. São os cargos, um conjunto de interesses”.
O marqueteiro foi questionado sobre se tinha ciência de pagamentos a partidos na coligação de 2014. Ele disse que só soube, depois, inclusive com depoimentos da Lava-Jato, mas que não participou das discussões.
O marqueteiro afirmou também que todas as legendas negociam tempo de TV de “uma maneira muito pragmática”. “Seja por promessas futuras e seja por compromissos financeiros”.
Santana relatou ainda uma reunião no Palácio da Alvorada, com Lula e outras pessoas, quando foi discutido tempo de TV de 2010. Lula estaria “extremamente exasperado” com o PMDB e ameaçando quase não fechar o acordo com o partido de Michel Temer.
“Eles diziam que eles (PMDB) estavam querendo demais. O querer demais não me falou o que era, mas disse: a garganta é enorme, o PMDB está demais. Isso provocou um próprio temor na candidata Dilma. E também eles (cúpula da campanha de Dilma) sabiam que iam se perder ali alguns minutos preciosos (de TV)”.
EL SALVADOR
Em outro trecho, João Santana relatou o pedido de dinheiro para a campanha em El Salvador. Contou que, em 2009, procurou Lula para pedir ajuda financeira à campanha eleitoral para a qual trabalhava. Disse que a campanha estava em dificuldades e poderia fracassar por falta de recursos.
"Lá (em El Salvador) a propaganda é paga. É como nos Estados Unidos e na maioria dos países. (...) Eu vim e falei com o presidente Lula: 'Presidente, vim aqui, primeira vez que estou fazendo isso, o senhor sabe disso, mas o partido lá, o FNML, o candidato manda dizer que, se não conseguir o recurso, a campanha vai acabar".
Segundo o relato, Lula perguntou quanto custaria a campanha salvadorenha, e Santana respondeu: cerca de US$ 1 milhão.
O então presidente teria dito que Gilberto Carvalho, então chefe de gabinete, ligaria para o empresário Emílio Odebrecht informando que ele receberia uma ligação do publicitário.
Santana afirmou que, na ocasião, ponderou ao petista que nunca havia falado com o dono da Odebrecht. Lula, no entanto, teria respondido: "Não, não, é melhor porque envolve menos pessoas. Fique tranquilo, fale com o Emílio, que ele vai resolver", ressaltou Santana. Após Gilberto Carvalho dar o ok, no mesmo dia, em janeiro de 2009, o marqueteiro telefonou para o empreiteiro, disse João Santana.
Emílio, entretanto, teria dito: “Nada contra você, mas diga ao chefe que eu prefiro tratar desse assunto diretamente com o Italiano. Isso em 2009. Eu digo: quem, o Italiano? Sim, o nosso Palocci”. Santana disse ter ficado aliviado. E contou que foi a primeira vez que ouviu a palavra "Italiano". Lula nega envolvimento em qualquer irregularidade. A Odebrecht vem reiterando que colabora com as investigações.

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