Faltando um ano e três meses para as eleições, em Pernambuco só existe uma certeza: a candidatura do governador Paulo Câmara (PSB) à reeleição. No campo da oposição, o cenário depende ainda de negociações para definições de candidaturas. Pré-candidato em potencial a governador, o senador Armando Monteiro (PTB) começou a entrar no jogo, mas seu projeto está vinculado ainda ao formato da sua aliança.
Ele deseja criar um novo arco de forças aglutinando lideranças e partidos que estão se desgarrando da base de sustentação de Câmara, como o PSDB, o DEM e o grupo dissidente do PSB, liderado pelo senador Fernando Bezerra Coelho, com quem teve uma conversa, anteontem, em Petrolina. Fácil? Longe de se traduzir nisso, até porque os interlocutores não falam um português claro.
Fernando Bezerra, por exemplo, joga com uma candidatura própria, a do filho, o ministro Fernando Coelho, mas não será surpresa se aceitar a vaga de vice, para o próprio filho, na chapa de Paulo Câmara. Sua própria candidatura a governador está praticamente descartada por causa das denúncias envolvendo seu nome na operação Lava Jato.
Já o PSDB tem como interlocutor o ministro de Cidades, Bruno Araújo, que também não sabe para que lado o rio corra, ou seja, não é oposição de fato ao projeto de reeleição de Câmara nem tem a certeza de que Armando consiga agregar forças de centro-direita para montar uma chapa competitiva. Bruno quer ser senador, mas devido à falta de clareamento do quadro nacional, não enxerga se o caminho mais próximo seria abraçar-se ao PSB ou a Armando.
O DEM, por fim, sonha em ter Mendonça Filho disputando o Governo do Estado, mas o partido está isolado, só elegeu um prefeito e Priscila Krause, a estrela da legenda para fisgar o voto urbano concentrado no Recife e Região Metropolitana, não teve desempenho satisfatório na disputa pela Prefeitura da capital, em 2016. Armando gostaria de atrair Mendonça para à disputa ao Senado, mas a cabeça do ministro da Educação se move em direção ao Palácio das Princesas. Não dando certo, a reeleição de deputado federal, para ele, seria mais confortável.
Desgarrado do PT, com quem se aliou em 2014 e 2016, Armando dá margem para o partido construir voo solo numa majoritária. Este é o cenário mais provável para os petistas, que já têm uma candidata na cabeça: a vereadora Marília Arraes, líder da oposição na Câmara do Recife. Ex-PSB, brigada com a família Arraes e com o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, Marília só tem a lucrar entrando na disputa e por cima ainda contribui para o partido recuperar espaço na Câmara dos Deputados, com as candidaturas de João Paulo e Humberto Costa, os mais competitivos.
Além desses fatores locais, os nacionais se sobrepõem. A crise está no seu ápice, não se sabe se o presidente Michel Temer terá gorduras suficientes para queimar por mais tempo. As alianças dependerão, igualmente, de um projeto de reforma política, que tende a não andar por falta de tempo. O que se diz em Brasília é que se houver alguma mudança nas regrais atuais seriam o fim das coligações, a exigência da cláusula de barreira e a criação do fundo de financiamento eleitoral. Outra expectativa diz respeito ao distritão, que fragiliza os partidos e a acaba as coligações, estabelecendo como regra a eleição dos proporcionais mais votados.
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