A baixa popularidade do Governo Temer está associada a vários fatores. O primeiro deles pode ser explicado à falta de legitimidade. Temer chegou ao poder por um processo traumático, consolidado pelo impeachment da ex-presidente Dilma, visto como um golpe, tese disseminada pelos aliados da petista que acabou sendo absorvida pela população.
Longe de representar um golpe. Dilma teve direito de defesa em todas as instâncias, mas a versão que ficou foi a de golpe. E isso será muito difícil, se não impossível, de ser desmistificado. O fosso do chamado governo ilegítimo se acentuou mais ainda por culpa do próprio Temer. Ao invés de construir um ministério de notáveis, lançou mão de políticos com ficha suja, envolvidos na Lava jato.
O que mais afundou a sua imagem, entretanto, foi a armação em que caiu, sem explicações, da gravação do dono do frigorífico JBS, Joesley Batista, com trechos em que estaria comprando o silêncio do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Mais adiante, pipocou o episódio da mala dos R$ 500 mil, conduzida pelo ex-deputado Loures Rocha, da sua extrema confiança, como produto de uma propina.
Nenhum fato positivo do Governo, como a reação da economia, a retomada dos postos de trabalho, a queda da inflação e o crescimento do PIB, tem poder de fazer o contraponto aos fatos negativos envolvendo o presidente. Por mais que ele se esforce e por mais que a economia reaja, a população não se convence das boas marcas da gestão.
A pesquisa de ontem mostrou que seu Governo tem apenas 5% de aprovação. Nunca na história republicana se viu tamanho grau de impopularidade. Mas é a tal coisa: nenhum governante com a pecha da corrupção consegue ter cheiro de povo. O Brasil, felizmente, parece que começa a se vacinar contra a chaga da roubalheira.
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